Título: Siderurgia reduz meta de expansão
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

Por causa dos juros, as vendas internas devem crescer 5% este ano e não mais os 9,5% projetados em 2004

O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) baixou as previsões divulgadas em dezembro de 2004 para o desempenho do setor este ano. As vendas internas, cuja previsão de crescimento era de 9,5% deverão cair 5%, segundo estimativas divulgadas ontem. A mudança foi atribuída sobretudo à contração provocada pelos juros altos. O presidente do IBS, Luiz André Rico Vicente, disse que a revisão decorre da conjuntura interna e do aumento das exportações da China. Para ele, a política de juros no Brasil reduz o consumo e o real valorizado prejudica as vendas externas de manufaturados, retraindo a produção siderúrgica.

A produção de aço bruto, segundo as projeções de dezembro, cresceriam 2,1%, mas, nas novas previsões, cairão 4,4% em 2005 ante 2004. A estimativa de produção de laminados passou de aumento de 6,2% para queda de 3,7%.

Vicente também atribui aos juros e ao câmbio a culpa pela queda de 1,2% na produção de aço bruto e de 2,4% nas vendas internas de produtos siderúrgicos no primeiro semestre deste ano, ante igual período de 2004. "Essa queda ocorreu porque esse foi um semestre de esforço de contração do governo para conter a inflação e isso atingiu todos os setores, especialmente o de construção civil e de máquinas agrícolas", disse.

Em junho, a produção de aço bruto caiu 9,1% ante igual mês de 2005, mas, nesse caso, a queda é atribuída às paralisações em indústrias como a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e Belgo Mineira.

"Não estamos preocupados, estamos preocupadíssimos", disse Vicente, ao ser indagado se o setor acompanha a crise política. "Em qualquer conselho de empresa que se reúna, prevalece o clima de dúvida em relação ao futuro." Segundo ele, os investimentos do setor siderúrgicos "estão em curso, não há o que repensar, mas o que será decidido agora terá de esperar".

Vicente citou os exemplos de projetos da Villares e da Belgo Mineira como iniciativas que foram adiadas. Ele informou que a indústria siderúrgica anunciou investimentos de US$ 12,6 bilhões no período 2005-2010, o que possibilitará um aumento da capacidade instalada de 34 milhões para 49,7 milhões de toneladas por ano.

Já foram iniciados projetos equivalentes a US$ 2,7 bilhões, que significam a ampliação de capacidade em cerca de 5 milhões de toneladas por ano. Há também projetos prontos para serem iniciados no montante de US$ 1,3 bilhão e que não serão adiados. Os projetos que ainda não foram decididos totalizam US$ 8,4 bilhões. "Há muito tempo ainda para decidir isso, não vamos ter cinco anos de CPI", disse.