Título: Mantega aposta no crescimento econômico no segundo semestre
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

Presidente do BNDES acha equivocadas as previsões contrárias e diz que juro cairá

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, acredita que a crise política não vai contaminar a economia e considera "equivocadas" as avaliações contrárias. Para ele, o controle da inflação levará à queda dos juros e o desempenho da atividade econômica será melhor no segundo semestre. "Há uma chance maior de aquecimento no segundo semestre - faria uma aposta com quem quiser -, até porque o primeiro foi menos aquecido e há dados de aceleração do investimento", disse. Mantega acredita que as condições para o declínio da taxa básica de juros (Selic) estão dadas. "O controle da inflação foi bem-sucedido e isso sinaliza para a modificação da política monetária. A expectativa de queda dos juros é uma dedução óbvia: se a inflação está sob controle e caminha para o centro da meta, permite flexibilizar a política monetária".

O presidente do BNDES enfatizou o que considera aceleração dos investimentos nos últimos meses. "Não há paralisação de decisão de investimentos, não sentimos isso no BNDES", disse. Para ele, com a queda dos juros, a tendência é de crescimento desses investimentos, apesar da crise.

O economista Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, e o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida, estão mais preocupados do que Mantega. Para Veloso, a crise política deverá desacelerar a economia no segundo semestre, especialmente por causa da retração dos investimentos. Ele afirmou que "os investimentos dependem crucialmente das expectativas e as empresas podem até manter o que já foi decidido, mas dificilmente vão além".

Para Gomes de Almeida, a economia "surpreendeu até agora, mas há um precário equilíbrio na corda bamba".