Título: Crédito fica mais barato em junho
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

Média da taxa de juros para pessoas físicas recuou de 65,7% para 64,7% ao ano; foi a primeira queda desde janeiro

Os empréstimos às pessoas físicas ficaram ligeiramente mais baratos em junho, na primeira queda do ano. A média caiu de 65,7% para 64,7% ao ano. Isso ocorreu, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, porque os bancos fizeram convênios com grandes redes de varejo e assumiram suas carteiras de clientes. Como os bancos passaram a financiar os novos clientes com a mesma taxa de juros oferecida pelas redes de lojas, que era mais baixa, a média caiu. No subitem "outros financiamentos para pessoas físicas", onde o BC contabiliza esses empréstimos, a taxa caiu 3,3 pontos porcentuais, de 57,8% para 54,5%, a maior queda desde o início da série, em 2000.

Também as pessoas jurídicas foram beneficiadas com uma pequena redução no custo do crédito. De acordo com dados divulgados ontem pelo BC, a taxa média anual ficou em 33,4% ao ano em junho, menos 0,3 ponto porcentual.

Além de juros mais baixos, os dados de junho mostram aumento no volume de crédito para pessoas físicas e jurídicas. No total, foram R$ 306,9 bilhões ou 16,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o melhor indicador dos últimos cinco anos. Comparado a maio, cresceu 1,6%. Em 12 meses, 21,9%. A elevação no volume de crédito também é explicada pela negociação entre os bancos e as lojas. Segundo Lopes, um única instituição financeira ampliou sua carteira em 36% em junho, ao fechar acordo com o comércio.

Em junho, todas as modalidades de crédito para a pessoa física (crédito pessoal, aquisição de bens, veículos e cartão de crédito) cresceram em volume. A exceção foi o cheque especial, cujo montante utilizado pelos clientes caiu de R$ 12,044 bilhões para R$ 11,784 bilhões. Os clientes estão usando menos o cheque especial porque a taxa cobrada pelas instituições financeiras é elevada e há alternativas mais baratas, como o crédito pessoal e o empréstimo consignado em folha.

Pelos dados do BC, a taxa do cheque especial subiu 0,4 ponto porcentual no mês, de 147,6% para 148% ao ano. É a taxa mais alta desde setembro de 2003, quando os bancos cobravam 152,2% ao ano. Já a taxa de juros para a compra de veículos caiu 0,5 ponto porcentual, ficando em 36,9% ao ano em junho. Ainda assim, o volume desses empréstimos aumentou de R$ 41,795 bilhões em maio para R$ 42,801 bilhões em junho.