Título: Furlan volta de Israel com boa expectativa
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

Ministro espera dobrar exportações nos próximos três anos

As exportações brasileiras para Israel vão dobrar nos próximos 3 anos, aposta o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, no final de visita de cinco dias a Israel. Para o ministro, a visita foi um sucesso e ele espera colher os frutos dela em futuro próximo. Brasil e Israel negociaram US$ 715 milhões em 2004. A expectativa do ministro é que esse número aumente para US$ 1 bilhão em breve. Os negócios entre os dois países cresceu 6,5% entre janeiro e junho deste ano, ante mesmo período do ano passado, chegando a US$ 303,9 milhões. Mas o Brasil ainda compra mais de Israel do que vende: até maio, foram comprados US$ 187,8 milhões em produtos israelenses e só vendidos US$ 116,1 milhões.

"Temos que aproveitar a imagem boa que o Brasil tem em Israel para fomentar mais negócios e reverter esse saldo negativo", afirmou Juan Quirós, presidente da Agência de Promoção e de Exportações e Investimentos (Apex), que acompanhou o ministro Furlan na viagem.

Um grande negócio já foi fechado: a farmacêutica Teva, maior produtora de remédios genéricos do mundo (vendas de US$ 4,8 bilhões em 2004), anunciou que o Brasil será a base de produção e venda de seus produtos na América Latina. Hoje, os produtos da Teva são distribuídos no Brasil pela empresa paulista Biosintética.

"Explicamos à Teva que o mercado de genéricos cresce 27% ao ano no Brasil e isso ajudou na decisão da empresa. Eles ainda não sabem se compram uma empresa nacional ou começam do zero no país. Em 30 dias vamos cruzar relatórios para chegar a uma conclusão nesse sentido", disse Quirós, acrescentando que o governo israelense também demonstrou interesse em negociar com o País nas áreas de combustível e de aeronáutica.

A delegação brasileira também anunciou a realização de uma feira de produtos nacionais em Israel em abril ou maio de 2006. Levantamento da Apex indicaram que há mercado no país para produtos de moda praia, cosméticos, alimentos, bebidas e software.

Furlan falou também dos preparativos para a criação de uma zona de livre comércio entre os países do Mercosul e Israel. O acordo deverá ser selado entre Israel e o Uruguai, que assumiu a presidência temporária do bloco sul-americano.

A VISITA

Nos cinco dias de visita, Luiz Fernando Furlan se encontrou com o presidente israelense Moshe Katsav e com o vice-primeiro-ministro e ministro da Indústria e Comércio Ehud Olmert, que receberam carta oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidando-os a visitar o Brasil.

Furlan também esteve com o ministro dos Transportes Meir Sheetrit e visitou os institutos Weizmann e Technion, voltados para pesquisa e desenvolvimento de biotecnologia, nanotecnologia e medicina.

A visita de Furlan encerrou-se com a realização de um seminário, ontem, sobre oportunidades de negócio no Brasil e foi realizada em seguida à do chanceler Celso Amorim, em maio, durante a qual o governo brasileiro procurou desfazer o mal-estar causado pela Cúpula América do Sul-Países Árabes, que terminou com críticas diretas a Israel. Segundo o ministro do Desenvolvimento, não há ecos do incidente no relacionamento econômico entre os dois países.