Título: Prestação de contas mostra que Azeredo foi quem mais gastou em 98
Autor: João Domingos e Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Nacional, p. A8

O presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), foi o candidato que apresentou a prestação de contas com gastos e doações mais elevados entre todos os que disputaram a eleição para governador em 1998. Ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais, Azeredo declarou ter recebido R$ 8.555.878,97, três vezes mais do que o vencedor da disputa, Itamar Franco (PMDB), cujo balanço fechou em R$ 2.880.422,08. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País - e Azeredo na época era governador e tentava a reeleição. Em São Paulo, maior colégio eleitoral, Mário Covas (PSDB), que também disputava a reeleição e derrotou Paulo Maluf (PP), declarou ter recebido R$ 7.642.417,28 de doações. No terceiro maior colégio eleitoral, o Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, na época no PDT e em coligação com o PT, declarou ter recebido R$ 2.880.423,08. Do ponto de vista legal, Azeredo é o que apresentou a maior conta. Como existe o caixa 2, ou dinheiro "não contabilizado", conforme a nova denominação dada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, a Justiça Eleitoral jamais vai saber quem é que efetivamente gastou mais.

Embora a CPI dos Correios tenha descoberto que as empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza - apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador do mensalão - contribuíram com a campanha de Azeredo pelo sistema de caixa 2, em 1998, o hoje presidente do PSDB afirma que nunca foi informado de nada.

"Minha prestação de contas é totalmente regular, dentro da orientação que sempre passei a meus assessores. Pedi ao doutor Paulo Eduardo Mello, meu advogado, para que acompanhasse tudo", afirma Azeredo. No depoimento prestado na CPI dos Correios, no início do mês, Marcos Valério disse que em 1998 apoiou Azeredo; em 2002, Aécio Neves para governador e Ciro Gomes (PPS) para presidente, no primeiro turno e, no segundo, Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com a CPI dos Correios, o método usado por Valério na campanha de Azeredo foi o mesmo verificado agora com o governo do PT - até a forma de fazer empréstimos e oferecer garantias. No governo atual, Valério fez empréstimo de R$ 15,9 milhões e ofereceu como garantia o contrato de publicidade com os Correios.

Em 1998, a DNA Propaganda contraiu em 12 de agosto empréstimo de R$ 9 milhões no Banco Rural, com vencimento em 19 de outubro. A agência ofereceu como garantia contrato com o governo mineiro, por meio da Casa Civil e da Secretaria de Comunicação.