Título: Justiça francesa condena 62 pedófilos à prisão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Internacional, p. A17

A Justiça da França concluiu ontem o maior julgamento de pedófilos e exploradores sexuais de crianças da história do país, envolvendo 65 acusados e 45 vítimas. Foram condenados 62 réus. Patricia M. foi sentenciada a 16 anos de reclusão e o marido dela, Frank V., pegou 18 anos. Eles foram apontados como principais organizadores da rede de prostituição infantil. A promotoria havia pedido 20 anos de prisão para eles. Philippe V., pai de Frank, já havia sido condenado por violar seus três netos. Durante o processo, afirmou friamente que nunca se importou com seus filhos. Pegou 28 anos de cadeia. Essa mesma pena foi aplicada a outro acusados, Eric J., também reincidente. Uma assistente social foi considerada culpada por não denunciar agressões sexuais em quatro menores. Vai ficar na prisão durante um ano e seis meses.

A leitura dos veredictos durou várias horas porque o tribunal teve de responder a mais de 2 mil indagações. As 45 vítimas, 19 meninos e 26 meninas, têm hoje entre 5 e 18 anos. A menor das vítimas tinha apenas seis meses quando a rede começou a funcionar - entre janeiro de 1999 e fevereiro de 2002.

As audiências começaram em 3 de março na cidade de Angers (oeste da França). No banco dos réus estavam 39 homens e 26 mulheres, entre 23 e 73 anos de idade.

"É o maior processo contra pedófilos da história da França e também um dos mais dolorosos", comentou um dos promotores, referindo-se a um cenário de terríveis violências familiares. Os réus foram identificados pelo tribunal por seus primeiros nomes. Os sobrenomes apenas pela letra inicial.

Patrícia respondeu no tribunal pela acusação de assédio sexual contra 31 menores, violações e agressões contra 3 meninos e de corromper 18 menores. Ela reconheceu apenas parte dessas acusações.

Num clima de violência familiar e abuso de bebidas alcoólicas, os menores sofriam abusos sexuais, não raro por parte dos próprios familiares.

Segundo psiquiatras, muitos dos acusados têm um nível intelectual limitado, outros resvalam na debilidade mental e têm claros problemas de adaptação social.

As investigações começaram em 2002, quando uma vítima adolescente decidiu procurar a polícia.