Título: Representante de Marcola cuida do novo negócio
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Metrópole, p. C1

O Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) descobriu que um cunhado de Robson Lima Ferreira, o Marcolinha, está cuidando dos negócios do Primeiro Comando da Capital (PCC) com os lotações em São Paulo. Marcolinha, de 29 anos, é o braço direito e primo do chefão do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. "Eles começaram com a extorsão, depois se apropriaram das linhas e agora estão usando isso para a lavagem de dinheiro", afirmou o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic. Nas escutas telefônicas feitas pelo departamento, os policiais conseguiram provas da atuação da facção criminosa. Para o delegado, quadrilhas ligadas ao PCC usam o dinheiro dos achaques para pagar a contribuição mensal à facção criminosa - cada bandido em liberdade deve dar R$ 500 por mês para a organização. O não-pagamento pode levar à expulsão da facção e à morte.

Esse pode ter sido o caso dos perueiros mortos no último fim de semana. Dois coordenadores da linha Santo Amaro-Jardim Luso e um motorista foram atraídos a uma armadilha sob pretexto de se tratar de um encontro com um representante do PCC. Acabaram assassinados a tiros. Três homens e dois adolescentes foram presos.

Entre os perueiros, há muitos policiais civis e militares. Há também casos de policiais que são obrigados a pagar propina ao PCC, pois preferem entregar o pedágio do que serem importunados no bico.

Sinival Pereira de Moura, presidente do sindicato dos perueiros, disse que orienta os motoristas a procurar a polícia para registrar os achaques. Moura é ligado à Cooperalfa e foi candidato a vereador pelo PT. Para ele, são inaceitáveis insinuações de que os perueiros são todos bandidos. Moura nega ter conhecimento de extorsões praticadas pelo PCC com a ajuda de pessoas ligadas a cooperativas como a polícia suspeita.

Segundo a SPTrans, os problemas dos perueiros em suas relações com as nove cooperativas não são de responsabilidade da empresa. A SPtrans, por meio de contrato com as cooperativas, fiscaliza o funcionamento do sistema. Assim, quando um perueiro pratica alguma irregularidade, quem é multado é a cooperativa, que será cobrada pela SPTrans.