Título: Itamaraty defende direitos de brasileiro
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Internacional, p. A15

REAÇÃO RÁPIDA: O governo brasileiro respondeu sem titubear à informação da Secretaria de Exterior britânica de que o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, morto pela Scotland Yard há uma semana, residia ilegalmente na Grã-Bretanha. Em nota divulgada ontem à imprensa, o Itamaraty acentuou que essa constatação não diminui a responsabilidade do governo britânico pela "morte trágica de um cidadão brasileiro inocente e pacífico", especialmente no que diz respeito aos processos de investigação e de indenização à família de Jean.

"Sem entrar no mérito dessa última informação, é entendimento do governo brasileiro que em nada se altera a responsabilidade das autoridades britânicas ", ressaltou o Itamaraty, na nota.

"Não deve, portanto, ter qualquer influência sobre as investigações conduzidas a respeito da tragédia ou sobre as medidas que o governo britânico deverá tomar como reparação à família do sr. Jean Charles de Menezes."

Na nota, o Itamaraty informou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu ontem uma carta do chanceler britânico, Jack Straw, na qual explicou as "condições imigratórias" do brasileiro. Mas destacou que esse dado novo, apresentado por Straw, contraria a versão anterior apresentada pelas próprias autoridades britânicas, no início da semana.

Na segunda-feira, em Londres, quando Amorim encontrou-se com Straw para discutir o caso, a informação com a qual o Itamaraty trabalhava era a de que Menezes residia legalmente no país, ou seja, possuía passaporte válido e visto adequado de permanência. Foi isso o que ambos disseram em uma coletiva.

A nota deixa claro ainda que o governo brasileiro continuará acompanhando as investigações, em Londres, e o processo de indenização.