Título: No Sul e no Rio, protestos e confronto com PM
Autor: Tânia M Sandra Hahn, Felipe Werneck e Clarissa O.
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Nacional, p. A4

PORTO ALEGRE - A comitiva presidencial enfrentou ontem de manhã um ruidoso protesto na saída do Hotel Plaza São Rafael, no centro de Porto Alegre. Cerca de 50 manifestantes atiraram ovos em dois carros oficiais e deram trabalho à Polícia Militar, que prendeu quatro pessoas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não chegou a ver a confusão, pois deixou o hotel pela garagem, na lateral do prédio. O protesto reuniu integrantes de dois partidos de esquerda - PSTU e PSOL -, grevistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e estudantes. Eles já tinham promovido manifestação anteontem à noite e ontem chegaram à porta do hotel, às 8h, tocando bumbos e apitos. Gritavam palavras de ordem como: "Lula, que papelão, no seu governo só tem corrupção" e "Lula, você sabia, Marcos Valério é o seu PC Farias".

O estudante de Sociologia Israel Dutra, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi detido e algemado. Dutra contou ter sido preso sob a alegação de que jogara ovos nos carros, mas negou a acusação. A professora Neida Oliveira disse ter sido agredida ao se agarrar ao estudante para evitar que ele fosse levado.

Lula saiu do hotel para Canoas, onde visitou as obras de ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini e encontrou um clima favorável.

Ao final de seu discurso, foi muito aplaudido, misturou-se aos trabalhadores, posou para fotos e até falou no celular com a mãe de um dos petroleiros.

Mais cedo, no Rio, em outro duro protesto contra o governo, cem servidores federais e estaduais em greve queimaram pneus na frente da Biblioteca Nacional e entraram em confronto com a polícia. Uma grávida passou mal e foi socorrida. A manifestação cobrava a apuração das denúncias do mensalão e melhores condições de trabalho.

Também no Rio,dirigentes dos partidos de esquerda PSOL, PDT, PPS, PCB e PSTU rechaçaram a advertência do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, de que o País ficará ingovernável se a oposição tentar derrubar Lula. Reunidos em um ato - chamado "O Brasil não está à venda" - contra a corrupção e a política econômica na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), eles lançaram carta de protesto.

Os caras-pintadas, que protagonizaram manifestações contra o ex-presidente Fernando Collor, em 1992, voltarão às ruas no dia 16, em Brasília, para um protesto organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE). O movimento vai pedir a apuração das denúncias de corrupção mas não incluirá pedido de impeachment de Lula .