Título: Salários vão continuar sendo pagos com atraso
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

O presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, afirmou que os problemas de fluxo de caixa da companhia devem ser corrigidos até meados de agosto, quando será liberado um volume expressivo de pagamentos de cartões de crédito. No entanto, avisa o executivo, os salários dos funcionários não serão totalmente normalizados. "As vendas vão muito bem, mas estamos passando por alguns percalços do processo de recuperação judicial. Como temos de pagar à vista, aumentou a pressão, mas nada que nos deixe desesperados", disse o executivo. Há mais de dois anos a Varig vem parcelando e atrasando salários. Quando a empresa entrou em recuperação judicial, no dia 17 de junho, havia uma expectativa de que o fluxo de caixa seria normalizado. No entanto, os salários passaram a atrasar ainda mais. A última parcela de maio só foi paga no começo de julho, enquanto a última de junho está prevista para o final da primeira semana de agosto. "Os salários continuarão sendo pagos com algum atraso, como aconteceu no último ano", disse Cunha.

Apesar da recuperação judicial desobrigar a empresa de pagar parcelas de dívidas passadas, a empresa passou a ter de pagar fornecedores quase que diariamente. Além disso, a empresa perdeu as linhas de crédito que tinha com o Banco do Brasil e também boa parte de suas receitas no exterior. Estas estão sendo retidas por credores nos Estados Unidos, Europa e Japão, uma vez que a proteção da Lei de Recuperação de Empresas está restrita ao Brasil.

Ontem, a Varig divulgou o novo desenho de sua malha de vôos. A empresa retomou rotas que haviam sido suspensas há dois meses, como Vitória-São Paulo e Brasília-Belo Horizonte. Em contrapartida, foram eliminadas algumas conexões pouco rentáveis na América Latina. "Aumentamos nossa oferta nas rotas de maior densidade", explicou Cunha.

A Infraero decidiu, mais uma vez, retomar suas ações na Justiça Federal em Brasília para reaver áreas comerciais de sua propriedade ainda ocupadas pela Vasp e pela Transbrasil. O Conselho de Administração da estatal já havia tomado decisão similar há cerca de um mês, com a promessa de reaver as áreas em 72 horas.