Título: Lamy escolhe assessor brasileiro
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2005, Economia & Negócios, p. B5
Victor do Prado vai fazer parte do gabinete do diretor da OMC
O Brasil parece só ganhar postos relevantes nas organizações internacionais quando o governo não está trabalhando por sua eleição. Ontem, o diplomata brasileiro Victor do Prado foi escolhido para fazer parte do gabinete de Pascal Lamy, o novo diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele terá a missão de arquitetar a articulação política do novo chefe da entidade em um período crucial para as negociações internacionais. Lamy foi formalmente indicado ontem como novo diretor da OMC e começará a trabalhar em setembro, substituindo ao tailandês Supachai Panitchpakdi.
Nos últimos meses, o Brasil foi derrotado em duas eleições internacionais, uma para a própria direção da OMC e outra para o comando do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No ano passado, o então ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, perdeu a eleição para a presidência da Conferência Anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para um candidato da República Dominicana. Ainda que o posto obtido por Prado seja de um peso político bastante inferior aos cargos visados anteriormente pelo governo, sua escolha surpreendeu Brasília, que não sabia das preferências de Lamy pelo brasileiro.
Prado, diplomata que serviu como assessor econômico do ex-chanceler Luis Felipe Lampreia e nos últimos dois anos passou a trabalhar na secretaria da OMC, é considerado por muitos analistas e mesmo negociadores de outros países como um dos funcionários de mais destaque dos últimos anos no setor econômico do Itamaraty. Na atual gestão da chancelaria, porém, seu nome não tem conseguido unanimidade da cúpula para que seja promovido na carreira diplomática.
Apesar disso, a decisão de Pascal Lamy de escolher o diplomata brasileiro Victor do Prado para seu gabinete foi bem-recebida no Itamaraty. Prado foi mencionado como um diplomata de excelentes qualidades e preparado para o posto. Porém não há indicações de que a cúpula do Itamaraty tenha influenciado nessa escolha. Fontes da diplomacia lembraram que Prado está licenciado da carreira há pelo menos cinco anos.
O anúncio de seu nome, feito ontem pelo próprio Lamy, foi saudado pelo atual vice-diretor-geral da OMC, o brasileiro Francisco Thompson Flores. Para o ex-presidente do Conselho Geral da OMC, Stuart Harbinson, o prestígio de Victor do Prado na OMC e como diplomata brasileiro justifica sua escolha. Lamy teria chamado o brasileiro depois de pedir indicações a Flores e ao embaixador do Brasil em Bruxelas, José Alfredo Graça Lima, que desde o ano passado foi retirado da delegação do País que negocia um acordo de livre comércio com a Europa. Procurado pelo Estado, Prado preferiu não comentar a escolha.