Título: Dívida pública volta a aumentar
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

Juros elevam endividamento da União, de Estados, municípios e estatais para 50,9% do PIB, ante 50,6% em maio

A dívida líquida do setor público interrompeu a trajetória de queda dos últimos meses e voltou a subir em junho, atingindo 50,9% do Produto Interno Bruto (PIB). O endividamento da União, de Estados, municípios e empresas estatais chegou a R$ 965,98 bilhões. O tamanho elevado da dívida pública, que inclui o passivo externo e interno, é considerado um dos principais indicadores de vulnerabilidade do País. O Banco Central (BC) informou ontem que de maio a junho a dívida subiu R$ 8,41 bilhões. Em maio, estava em R$ 957,57 bilhões - 50,6% do PIB.

A seqüência de nove meses de alta da taxa Selic teve efeito nocivo no custo da dívida. Não bastasse a taxa elevada, o volume de papéis diretamente influenciados pela variação da Selic aumentou nos últimos 12 meses. Em junho do ano passado, 50,28% da dívida era corrigida pela Selic; hoje, está em 51,54%. A cada ponto porcentual de alta da Selic, o estoque da dívida aumenta 0,32 ponto porcentual do PIB em 12 meses.

O crescimento dessa dependência é uma das maiores preocupações do governo, que tenta elevar a participação de títulos prefixados. Nos últimos 12 meses, a parcela prefixada da divida líquida subiu de 13,32% para 20,89%. A exposição da dívida à variação cambial caiu nesse período, de 23,66% para 10,83%.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, avaliou ontem que a tendência do endividamento público é benigna. Segundo ele, a dívida em junho subiu em razão de fatores como o aumento das despesas com juros, a revisão do PIB nominal e o reconhecimento de débitos dos fundos constitucionais do Nordeste (FNE) e Norte (FNO). Essas dívidas, referentes a créditos de liquidação duvidosa, somam R$ 6,35 bilhões.

Lopes fez questão de destacar que, em relação a dezembro de 2003, a queda da dívida até junho já é de 6,3 pontos porcentuais. No fim de dezembro de 2003, correspondia a 57,2% do PIB. Ele previu estabilidade para dívida em 50,9% do PIB. Para o fim do ano, manteve a previsão de 51% do PIB.