Título: Dirceu diz que não cairá em provocações no depoimento
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2005, Nacional, p. A9

Em conversa com Tarso, ele afirma que está tranqüilo e disposto a dar informações ao Conselho de Ética

O ex-ministro e deputado José Dirceu (PT-SP) assegurou a interlocutores que não "cairá" em provocações no depoimento que prestará, segunda-feira, no Conselho de Ética da Câmara. Numa conversa por telefone com o presidente nacional do PT, Tarso Genro, Dirceu contou estar "tranqüilo" e disposto a dar informações. "Olha, não se preocupe, vou tranqüilo à comissão, vou explicar com detalhes e não cair em provocação", disse o ex-ministro, segundo Genro. "Pretendo demonstrar com minha tranqüilidade e informação que estou sendo injustiçado." Algoz dos petistas, Roberto Jefferson (PTB-RJ) já avisou que estará na primeira fila do Conselho de Ética na segunda-feira. Ele acusou José Dirceu de comandar um esquema de pagamentos a parlamentares em troca de apoio ao governo à época em que chefiava a Casa Civil.

O ex-ministro tem conversado diariamente com Tarso para "desmentir" denúncias feitas por Jefferson e apresentar versões de alguns fatos. Dirceu vem reiterando que não pode ser tratado como réu no conselho, mas como testemunha.

INFORMALIDADE

Em entrevista na tarde de ontem no Planalto, Tarso Genro disse que não se sentia à vontade para falar da expectativa em torno do depoimento de José Dirceu na Câmara. Mas fez duras críticas à antiga direção do PT, acusando-a de tornar o partido paternalista e sem transparência.

Afirmou estar "perplexo" com posições e procedimentos adotados, por exemplo, pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Se depender de mim, as relações informais no PT vão terminar", afirmou. Ele defendeu ainda que os petistas envolvidos nas denúncias apresentem à direção do partido explicações formais.

A uma questão sobre o eventual acordo no Congresso entre oposicionistas e governistas para limitar a ação da CPI dos Correios, Tarso Genro disse que o PT é contra propostas que limitem as investigações. "O PT, ao contrário de um eventual movimento de reduzir as investigações, quer que elas sejam mais profundas e amplas", ressaltou. "O único acordo que pode ser feito, na avaliação do PT, é para viabilizar uma agenda de votações no Congresso", completou. Ele destacou que, em nenhum momento, esse acordo pode representar a redução das investigações e a obstrução dos desdobramentos no Judiciário.