Título: Bancos estão na mira do BC
Autor: Fausto Macedo e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Nacional, p. A9

BRASÍLIA - No centro da crise política e sob vigilância do Banco Central, o BMG e o Rural, que sobreviveram à onda de desconfiança que tomou conta das instituições de pequeno porte após a quebra do Banco Santos no final do ano passado, terão pela frente uma prova de fogo. Nos próximos meses, além do vencimento dos empréstimos concedidos diretamente ao PT ou por intermédio do empresário Marcos Valério, as duas instituições poderão perder as aplicações feitas pelos fundos de pensão. Há suspeitas na CPI dos Correios de que essas entidades que administram patrimônio de funcionários públicos foram utilizadas para beneficiar os dois bancos.

A possibilidade de resgate desses recursos redobrou o monitoramento do BC nessas instituições - Rural, BMG e o Santos receberam cerca de R$ 600 milhões em investimentos de fundos de pensão nos últimos anos. Desse total, em torno de R$ 360 milhões ainda estariam aplicados no Rural (R$ 148,6 milhões) e no BMG (R$ 209,95 milhões), depois que o Santos quebrou, em novembro de 2004.

No caso do Rural, esse montante equivale a 22% do patrimônio (PL) da instituição, que é de R$ 678,5 milhões, de acordo com as últimas informações contábeis, divulgadas em março. Já as aplicações dos fundos no BMG equivalem a quase 40% do PL. Além dos investimentos, o banco mineiro tem ainda uma quantia significativa em empréstimos concedidos ao PT, a maior parte deles, segundo declarações do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, por intermédio do empresário Marcos Valério. De fevereiro de 2003 a julho do ano passado, as operações de crédito como PT e Marcos Valério ultrapassaram os R$ 43,6 milhões, no BMG. Uma pequena parte dessa quantia já foi quitada, mas aí não estão contabilizados os juros que incidem nessas operações. A postura da fiscalização do BC em relação a essas instituições tem sido de "rigor no cumprimento da lei", de acordo com uma pessoa que acompanha as conversas entre os bancos e a autoridade monetária.