Título: Marinho ajuda MP em busca de punição mais branda
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA - O ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho deverá levar alguns documentos ao Ministério Público Federal, provavelmente na próxima semana, fechando a série de depoimentos que fez nos últimos 30 dias, para colaborar nas investigações sobre o esquema de corrupção na estatal. Marinho, flagrado recebendo propina de R$ 3 mil durante uma reunião na sede da empresa, relevou o que sabia para ajudar os procuradores a entender como funcionavam as fraudes em licitações e o tráfico de influência. Em troca, espera ser beneficiado com uma denúncia mais branda, escapando do processo por corrupção. Marinho citou em seus relatos ex-executivos e políticos influentes nos Correios, mas não mostrou provas documentais. A partir das revelações, os procuradores buscarão provas do envolvimento de cada um. A decisão dos procuradores sobre atenuar ou até mesmo não denunciar Marinho dependerá da confirmação das informações fornecidas pelo ex-funcionário.

INFORMANTE

Maurício Marinho é considerado um informante fundamental nas investigações, não só por ter chefiado o departamento de contratações, como por ter mais de 30 anos de carreira nos Correios. O ex-funcionário tem a memória das principais empresas prestadoras de serviços à estatal e também viu de perto a implementação do sistema de franquias. Segundo ele, as franquias, distribuídas entre 1992 e 1996 sem licitação, foram loteadas entre políticos, que puseram "laranjas" à frente das agências.

Como está colaborando nas investigações, Marinho continua a ter segurança policial para si próprio e a família. Os detalhes dessa segurança, no entanto, não são revelados. Os advogados do ex-funcionário dos Correios garantem que ele não está em busca dos benefícios do instrumento legal da delação premiada e que não incriminou ninguém, limitando-se a esclarecer o funcionamento dos processos de concorrência e contratação da estatal.