Título: Braço direito de Valério trabalhou com Azeredo
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Nacional, p. A12

BELO HORIZONTE - A diretora administrativa e financeira da SMPB, Simone Reis Lobo de Vasconcelos, responsável pelos maiores saques - de R$ 6,7 milhões - nas contas das agências de Marcos Valério, foi funcionária efetiva do governo de Minas até o fim da administração de Eduardo Azeredo (PSDB), em dezembro de 1998. Simone se licenciou do cargo público para ser braço direito de Valério na agência. A SMPB é suspeita de participar de um esquema que teria destinado ilegalmente recursos para a coligação que apoiou Azeredo na tentativa frustrada de reeleição, em 1998. A agência já admitiu que fez "doações não oficiais" para políticos e partidos a partir de 1996.

Simone entrou no serviço público em 1986, como assistente técnica na Companhia de Processamento de Dados (Prodemge) e Banco Credireal (hoje privatizado). Quando tirou licença para ir para a SMPB - ela não se demitiu -, seu posto era de diretor III. Nos quatro anos do governo Azeredo, Simone exerceu os principais cargos comissionados de chefia.

A SMPB prestou serviços de publicidade ao governo mineiro de 1994 a 1998 e Valério teria convidado Simone para trabalhar lá. Sua licença - válida por 2 anos e não remunerada, segundo o governo - foi prorrogada por mais 2 anos no fim de 2000. Em setembro de 2003 Simone sofreu um processo por abandono de cargo e foi exonerada em 1.º de abril de 2004.

Responsável pela área financeira e administrativa da SMPB, ela foi convocada para depor na próxima semana na CPI dos Correios. Procurada pelo Estado ontem, não foi localizada. A informação na SMPB é que está em férias e deve retornar após o depoimento.

A assessoria de Azeredo informou que ele não teve contatos com Simone no período em que foi governador.

A Polícia Federal tenta intimar Simone hoje para identificar a quem entregou os R$ 6,7 milhões. No primeiro depoimento, há um mês, ela mentiu sobre os valores e disse não lembrar das pessoas a quem repassou o dinheiro.

A PF apurou que Simone sacava os recursos na boca do caixa, na agência do Rural em Brasília, e os repassava aos beneficiários, listados em mensagem que o banco mandava via fax desde sua sede, em Belo Horizonte.