Título: MP pede veto a contas da campanha de Marta
Autor: Iuri Pitta
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Nacional, p. A13

Acompanhando relatório de auditores da Justiça Eleitoral, o Ministério Público Estadual defende a rejeição das contas da campanha da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) à reeleição. O parecer da promotora Cintia Mitico Belgamo Pupin diz que "os esclarecimentos do Comitê Financeiro Municipal do Partido dos Trabalhadores de São Paulo não suplantaram as irregularidades apontadas em análise técnica". Segundo o deputado estadual Ítalo Cardoso, presidente municipal do PT, os problemas apontados pela auditoria serão explicados e "não justificam essa balbúrdia". Os técnicos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) apontaram a falta de notas fiscais para gastos feitos pelo comitê, num total de R$ 3,7 milhões. Segundo a prestação de contas entregue à Justiça, a campanha de Marta custou R$ 17,4 milhões.

"Todas essas pendências serão resolvidas e estamos enviando os documentos que faltam", alegou Ítalo. "Essas novas notas devem ser examinadas, para ver se correspondem a serviços prestados durante a campanha", disse o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Cesar Rebello Pinho.

Outra irregularidade apontada pelos técnicos e pelo MPE é o registro de doação de R$ 5 mil pela empresa Biogás Energia Ambiental, que não pode contribuir com campanhas eleitorais por precisar de concessão pública para operar. "Fizemos um jantar e um convidado pagou com cheque da empresa, que foi devolvido na época", explicou o deputado.

Ítalo criticou ontem o fato de o parecer do MPE e a auditoria do TRE terem vindo a público antes do julgamento das contas propriamente dito. O juiz eleitoral tem prazo de 48 horas após receber o documento para tomar uma decisão. O parecer da promotora foi entregue anteontem à Justiça Eleitoral.

"O juiz vai ter dificuldade para votar favoravelmente à prestação de contas. "O tamanho dos problemas não justifica essa balbúrdia toda", observou Ítalo Cardoso. "Tanto o Ministério Público quanto a Justiça atuam com independência, sem falar que os processos são públicos", respondeu Pinho.