Título: Fazenda foi inábil com Sayad, acusa Itamaraty
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

BRASÍLIA - O Ministério das Relações Exteriores lamentou ontem a derrota do candidato brasileiro à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o economista João Sayad. Mas disparou farpas contra a decisão da área econômica do governo de lançar a candidatura, sem prévia consulta à área diplomática, e refutou as acusações de que a diplomacia não havia se empenhado por essa campanha. "A equipe econômica inventou essa candidatura sem questionar se seria viável", afirmou um experiente diplomata. No Itamaraty, não havia dúvidas sobre a competência de Sayad, que atualmente ocupa a vice-presidência para Finanças e Administração do BID e que foi ministro do Planejamento no governo de José Sarney.

Para os diplomatas, o nome de Sayad se destacava entre os outros quatro candidatos, especialmente em relação a Luiz Alberto Moreno, atual embaixador da Colômbia nos Estados Unidos. Moreno venceu a disputa com 20 dos 28 votos dos países das Américas e com total apoio de Washington, que detém 30% do capital acionário do BID.

De acordo com essa fonte, o Itamaraty "fez o que podia". Em nenhum momento, argumentou, os Ministérios do Planejamento e da Fazenda teriam pedido a avaliação do Itamaraty sobre a candidatura de Sayad e as peculiaridades da eleição no BID - uma delas, a necessidade de obter mais de 50% do capital acionário, levando-se em conta a fatia de 30% detida pelos Estados Unidos.

A mesma fonte argumentou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou com seus colegas da Argentina, Rafael Bielsa, e do Japão, Nobutaka Machimura, sobre a candidatura de Sayad. Desses, o economista brasileiro obteve o voto argentino. Amorim teria recomendado às embaixadas do Brasil que atuassem nos governos locais.