Título: Trégua na crise faz mercado reagir
Autor: Mario Rocha, Denise Abarca e Simone Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Economia & Negócios, p. B11

Os mercados tiveram um dia positivo ontem, refletindo notícias favoráveis à economia brasileira e a ausência de indícios de piora da crise política. O IGP-M de julho mostrou nova deflação (-0,34%), o Tesouro Nacional informou que vai melhorar o perfil da dívida externa e o esforço fiscal das contas do governo tem se revelado consistente. Em Wall Street, analistas fizeram uma avaliação positiva da ata do Copom e ainda indicaram que o momento é de navegar na crise política, mas com a visão no médio e longo prazos, que devem ser promissores para a economia do País. A Bovespa fechou em alta, o dólar caiu pelo terceiro dia consecutivo e os juros fecharam praticamente estáveis. O Ibovespa fechou em alta de 2,88%, com 26.068 pontos, o maior nível desde 17 de junho. A alta foi generalizada. Entre os papéis que compõem o índice, apenas três fecharam em queda. O movimento financeiro foi de R$ 1,607 bilhão. Com esse resultado, a Bolsa paulista acumula alta de 4,06% em julho e baixa de 0,49% em 2005.

Em Nova York, o Nasdaq fechou em alta de 0,56%. O Dow Jones subiu 0,64%. Já o risco país recuou 8 pontos, para 408 pontos básicos.

Com a trégua no noticiário político, o dólar comercial recuou 1,31% e fechou a R$ 2,407. O resultado reduz a alta acumulada pelo dólar ante o real neste mês para 3,13% e amplia a queda apurada no ano para 9,31%. O volume financeiro total à vista se manteve em cerca de US$ 1,869 bilhão.

A queda nas cotações à vista foi influenciada pelos fundamentos domésticos positivos e por causa da sinalização da ata do Copom de que a taxa Selic pode permanecer estável em agosto, com retomada eventual da queda em setembro ou outubro - o que sugere novos fluxos financeiros para o País.

Com relação aos fundamentos econômicos, o mercado recebeu bem a divulgação de fatos como: 1) o IGP-M de julho, que teve deflação de 0,34%; 2) o índice de atividade da indústria paulista, segundo a Fiesp e o Ciesp, que subiu 2,2% em junho ante maio deste ano, co m ajuste sazonal; 3) o Tesouro Nacional informou que o governo central teve superávit de R$ 5,89 bilhões em junho e superávit primário de R$ 8,998 bilhões no mesmo mês; e 4) o Tesouro Nacional anunciou que passará a rolar 80% do principal da dívida externa nos próximos dois anos.