Título: Arcelor define reestruturação no Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2005, Economia & Negócios, p. B14

A Arcelor, segundo maior grupo siderúrgico mundial, anunciou ontem os detalhes da esperada reorganização de seus ativos no Brasil. A operação envolverá, num primeiro momento, a Belgo-Mineira, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e a Vega do Sul. A Belgo-Mineira foi a empresa escolhida pela Arcelor para consolidar os negócios no País, segundo comunicado, e terá sua denominação social alterada para Arcelor Brasil S/A. Para o presidente da Arcelor, Guy Dollé, a fusão das empresas "é o símbolo do compromisso da Arcelor de continuidade no Brasil". O gigante siderúrgico europeu deve deter entre 66% e 75% do capital da nova empresa. A constituição da Arcelor Brasil, que deve estar concluída em 24 de outubro, não incluirá por enquanto a Acesita, na qual a companhia tem uma participação de 27,7%. O grupo europeu mantém conversações com os outros acionistas da Acesita e poderá incluir a empresa na Arcelor Brasil no futuro. A nova empresa deve ter um valor de mercado de mais de US$ 6 bilhões, 14,5 mil funcionários e uma capacidade de produção de 11 milhões de toneladas, que aumentará para 15 milhões de toneladas em menos de cinco anos.

Pelos termos da operação, todas as ações preferenciais da Belgo-Mineira serão transformadas em ordinárias. A empresa, então, vai incorporar sociedades controladas pela Arcelor que detêm participações na CST e na Vega do Sul. Além disso, as ações da CST serão incorporadas pela Belgo, transformando a CST em subsidiária integral.

A relação de troca de papéis foi baseada no valor econômico-financeiro das empresas definido pelos bancos UBS e Deutsche Bank. Cada 9,32 ações preferenciais ou ordinárias da CST serão trocadas por 1 ação ordinária da Belgo. Os donos de ações preferenciais da CST receberão apenas ações ordinárias da Belgo. Se quiserem, poderão receber sua parte em dinheiro, o que aumentaria a fatia da Arcelor na empresa combinada.

Segundo fato relevante, todos os acionistas da Belgo-Mineira terão direitos iguais, inclusive o de voto, com aprimoramento da governança corporativa. Todos os acionistas terão direito de venda conjunta por preço equivalente a 100% do preço de alienação de controle (tag-along). Essas práticas seguem a regras do Novo Mercado, ambiente da Bolsa de Valores de São Paulo que exige mais transparência.

"A Belgo e a CST estimam que o benefício total resultante das sinergias e reduções de custos esperadas atingirá uma média aproximada de R$ 165 milhões por ano, a partir de 2006", informaram as empresas.

RESULTADO

A alta do preço do aço e a forte contribuição dos negócios no Brasil permitiram à Arcelor duplicar seu lucro semestral, para 1,937 bilhão, o que o grupo siderúrgico europeu considerou "verdadeiramente excepcional". O aumento dos preços do aço a níveis "globalmente satisfatórios" e a consolidação dos resultados da CST e da Acindar contribuíram para que o resultado bruto operacional (Ebitda) chegasse a 3,383 bilhões, frente a 1,779 bilhão entre janeiro e junho de 2004.

Em relação às perspectivas para o segundo semestre, a empresa admitiu que os resultados poderão não ser tão bons, mas Dollé afirmou que "2005 será melhor que 2004". Ele prevê uma queda no ritmo de crescimento do consumo de aço no Brasil e uma estagnação na Europa - o que se traduzirá em uma redução de volumes e preços dos produtos planos no terceiro trimestre -, mas disse esperar recuperação no quarto trimestre.