Título: 1/4 dos alunos está acima do pe
Autor: Claudia Ferraz
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2005, Vida&, p. A19

Má alimentação e sedentarismo levam 10% dos paulistanos de 10 a 15 anos à obesidade e 15% ao sobrepeso

Um quarto dos paulistanos de 10 a 15 anos está acima do peso, culpa de vilões conhecidos: má alimentação e pouca atividade física. A constatação é do Projeto Mega, estudo realizado em escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo, onde cerca de 10% dos alunos estão obesos e 15% com sobrepeso. Especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade São Marcos e da entidade International Life Sciences Institute (Ilsi) entrevistaram 8.020 adolescentes de 44 escolas - 62,61% de escolas estaduais, 12,17% de municipais, e 25,22% de particulares.

"Nos últimos anos, houve uma série de modificações alimentares e o adolescente é quem mais sofreu", explica Mauro Fisberg, coordenador do projeto. "Com a violência, alterações na forma de lazer fizeram com que ele ficasse dentro de casa envolvido com atividades eletrônicas, o que diminui a qualidade de vida."

Novos hábitos alimentares do jovem contribuem para o aumento do peso: 86% dos meninos e 92% das meninas consomem guloseimas diariamente. Além disso, os adolescentes acima do peso normal são os que menos tomam café da manhã, o que provoca uma queda na performance escolar no final do período matutino, diz Fisberg.

O sedentarismo atinge mais da metade dos entrevistados. A pesquisa mostra que 81% dos alunos de escolas particulares e 65% de escolas públicas estão parados. "A gente só engorda quando o gasto de energia é menor do que o consumo", diz a nutricionista Isa de Pádua Cintra, que participou no projeto.

Em média, o adolescente tem praticado menos de dez minutos de exercícios físicos por dia, quando recomenda-se o triplo disso. Os pesquisadores sugerem que o número de aulas de educação física e cursos como balé ou futebol são insuficientes.

O médico Antonio Barros Filho, do Laboratório de Obesidade Infantil da Unicamp, diz que o índice de 25% de adolescentes acima do peso está pouco além do esperado. "Não é muito alto, mas preocupa, porque indica que há uma mudança na curva de obesidade também infantil."

Para Fisberg, a solução está em medidas preventivas. "(É preciso buscar) Educação dentro de casa para hábitos alimentares corretos e atividades físicas, medidas do governo com recursos para programas e pesquisas para orientar esses projetos. Assim, podemos evitar problemas de saúde no futuro."

Ele diz que a chance de um adolescente se tornar um adulto obeso é de 8 em cada 10, e projeta que aproximadamente 35% dos adolescentes, e de 25% a 30% das crianças, terão problemas com o peso em 2040.

O número de crianças e adolescentes obesos "triplicou desde 1975, ano da primeira pesquisa", afirma Fisberg. A preocupação é maior quando há projeção sobre outras faixas etárias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% dos brasileiros adultos estão com excesso de peso. Fisberg diz que, em 35 anos, 70% dos brasileiros podem estar com sobrepeso.