Título: Força anuncia atos em todo o País contra mensalão
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2005, Nacional, p. A15

A Força Sindical pretende realizar uma série de manifestações em todo o País para exigir a apuração das denúncias sobre o esquema do mensalão no Congresso e a punição dos responsáveis. Segundo o presidente da entidade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o objetivo é adicionar o ingrediente que está faltando à atual crise política: povo na rua. Segundo ele, já está agendada uma primeira manifestação para o dia 26, na Praça da Sé, com o apoio de PPS, PDT, PFL e PSDB - partidos que enviaram representantes ontem à abertura do 5.º Congresso da Força Sindical. Por enquanto, de acordo com Paulinho, está descartada a hipótese de que essas manifestações peçam o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar de descartar o "Fora Lula", o próprio Paulinho tratou de radicalizar a retórica em seu discurso na abertura do congresso e referiu-se ao ex-ministro José Dirceu, que naquele momento prestava depoimento no Conselho de Ética da Câmara, como o "chefe da quadrilha da corrupção".

A radicalização retórica esteve presente também no discurso do presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Ele disse que o governo Lula "é a maior fraude da história do País" e que o pensamento de esquerda no Brasil tem de proclamar isso para "não se confundir com a bandalheira".

Freire disse ainda que o Congresso precisa ser fortalecido como instituição até o para o caso de um pedido de impeachment do presidente venha a ser votado. Declarou que é evidente que o esquema de corrupção não está relacionado apenas a "figuras menores" com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Isso tem um centro: é o Palácio do Planalto e o presidente da República", afirmou Freire.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, foi vaiado ao iniciar o seu discurso. Reconheceu a gravidade da crise política, mas procurou ressaltar o "amadurecimento das instituições democráticas". Defendeu também o desempenho do governo na economia, ao citar a criação de 3,135 milhões de empregos formais nos 30 meses de Lula.

Isolado, Marinho teve o solitário apoio do deputado Luiz Antônio Medeiros (PL-SP). "Sou a favor da punição de todos os corruptos, mas não vamos ser tropa de choque da reação."