Título: CPI convoca Dirceu e Pizzolato, ex-BB
Autor: Ana Paula Scinocca,Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2005, Nacional, p. A14

Quebra de sigilo de operações de 11 fundos de pensão será votada

A CPI dos Correios aprovou ontem, em votação simbólica, a convocação do ex-ministro Civil José Dirceu. A data de seu depoimento ainda não foi marcada. Os integrantes da CPI aprovaram ainda a convocação do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. A quebra de sigilo bancário de operações de 11 fundos de pensão nos bancos BMG e Rural deve ser votada amanhã. "Não podemos começar a fazer quebra de sigilo de fundo de pensão a torto e a direito. Daqui a pouco vai se colocar todo o sistema financeiro sob suspeição", disse o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo ele, parte do PFL defende a quebra indiscriminada do sigilo dos fundos de pensão e não só das operações com o BMG e o Rural. Essa atitude, na sua avaliação, poria o mercado financeiro em polvorosa. "Temos de tratar com muito cuidado e cautela esse assunto dos fundos."

Para brecar a tentativa de pefelistas de aprovar a abertura aleatória de dados dos fundos de pensão, a cúpula da CPI acionou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) insistiu na aprovação de seu requerimento, mas acabou convencido por seus colegas de partido a deixar a discussão para a sessão de amanhã.

AMEAÇAS

A sessão para aprovar a convocação de Dirceu durou mais de cinco horas. Além da falta de consenso em torno da quebra do sigilo dos fundos de pensão, os petistas ficaram insatisfeitos com o depoimento informal à CPI do presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), ontem, e criaram um impasse: só aceitariam a convocação de Dirceu se Azeredo também fosse chamado a depor formalmente.

Irritados, os tucanos ameaçaram convocar Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula, para explicar a relação de sua empresa Gamecorp com a Telemar. Ainda em represália, propuseram convocar os presidentes de todos diretórios do PT para ir à CPI para explicar o recebimento de recursos das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza.

"Aqui não é o fórum adequado para discutir financiamento de campanhas eleitorais", argumentou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), ao defender a não convocação do presidente nacional do PSDB. "O senador Azeredo fez um pronunciamento e compareceu espontaneamente à CPI. Vamos analisar a documentação que ele deixou", disse Delcídio, que suspendeu a sessão da CPI por duas vezes para tentar fechar um acordo.

NOMES

Na sessão administrativa, a CPI aprovou ontem a convocação de David Rodrigues Alves, que sacou cerca de R$ 5 milhões das contas da SMPB, uma das agências de publicidade de Marcos Valério, no Banco Rural. David vai depor hoje à CPI, logo depois de Simone Reis Lobo de Vasconcelos, diretora-financeiro-administrativa da SMPB. Simone tirou cerca de R$ 6 milhões em dinheiro das contas da SMPB.