Título: Procurador deve negar delação premiada a Marcos Valério
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2005, Nacional, p. A12

O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, deu sinais de que não vai conceder a delação premiada ao publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, que ontem voltou a pedir o benefício. Esse instituto prevê que, em troca de colaborar com as apurações, o investigado conquiste a redução de uma eventual pena aplicada pelo Judiciário. No mês passado, defesa de Marcos Valério já havia feito igual pedido ao procurador. Os advogados de Valério também protocolaram ontem na Procuradoria-Geral da República petição para que não seja acolhida a proposta de sua prisão preventiva. Souza não deverá se manifestar pela prisão do suposto operador do mensalão.

Outra solicitação feita pelos advogados foi o desbloqueio de uma conta da mulher do publicitário, Renilda Santiago Fernandes de Souza, no BankBoston. Uma decisão tomada no último dia 20 pelo presidente do STF, Nelson Jobim, bloqueou R$ 1,89 milhão da conta de Renilda.

Souza também estuda requerer ao Supremo Tribunal Federal o bloqueio dos bens de Marcos Valério. "A indisponibilidade de bens dá uma certa garantia (de que recursos desviados sejam devolvidos)", comentou. O procurador não confirmou se com os pedidos protocolados ontem pelos advogados de Marcos Valério havia uma lista com os nomes dos parlamentares que recebiam mesada em troca de apoio ao governo.

"Não analisei os documentos ainda", disse ele à noite. Souza vai decidir hoje se Valério voltará a ser ouvido na procuradoria. Provavelmente, segundo antecipou o procurador, o empresário deverá prestar novos esclarecimentos a um dos três procuradores destacados por ele para acompanhar as investigações e exames de documentos. Fazem parte do grupo de trabalho os procuradores: Raquel Branquinho, Alexandre Espinosa e Claudia Sampaio.

MENSALÃO

Em julho, o procurador ouviu em seu gabinete Valério e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT. Juntos, segundo denunciou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valério e Delúbio operavam o esquema de pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo.

Ontem, o ministro Joaquim Barbosa foi escolhido relator do inquérito do mensalão aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Oriundo do Ministério Público Federal (MPF), Barbosa foi um dos quatro ministros nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.