Título: Conta da DNA no BB recebeu R$ 251 mi
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2005, Nacional, p. A12

PROSPERIDADE: O governo Lula trouxe tempos de prosperidade para os cofres da agência DNA, do empresário Marcos Valério. Relatório parcial da CPI dos Correios obtido pelo Estado revela que os depósitos na conta da DNA no Banco do Brasil explodiram desde 2003. O documento comprova que os maiores responsáveis pela entrada de dinheiro na conta da empresa no Banco do Brasil foram empresas privadas, especialmente desde o começo da administração petista. Em 2002, último ano do governo FHC, a DNA recebeu R$ 71,8 milhões em depósitos. Em 2003, já na administração petista, os depósitos saltaram para R$ 138,3 milhões. No ano passado, chegaram a R$ 251,4 milhões. O levantamento é preliminar porque o Banco do Brasil só enviou cerca de 80% das informações de sigilo da empresa. O relatório é o primeiro fruto da CPI na linha de investigação sobre a origem do dinheiro de Marcos Valério. Para os parlamentares da comissão, é fundamental mapear os interesses no governo das empresas que fizeram os depósitos. A razão é a suspeita de que Valério intermediava propinas entre empresas com contratos no governo e políticos com poder de interceder a favor delas. Até agora, o esquema teria dois braços. O primeiro seria o pagamento de mesadas a parlamentares. O segundo seria a contribuição de campanha por caixa 2. Valério atuaria como operador de todo o esquema. Na lista dos depositantes, aparecem com freqüência companhias telefônicas, com destaque para a Telemig e a Amazônia Celular, controlada pelo Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Elas pagaram em 2004 cerca de R$ 30 milhões à DNA. Com a posse de Lula, empreiteiras de tradição também viraram clientes da agência. Em 2004, a Norberto Odebrecht depositou R$ 401 mil na conta da DNA. No ano anterior, a Camargo Corrêa pagara ao menos R$ 56 mil à agência. Ambas detêm grandes contratos do governo. Também a Coteminas, do vice-presidente, José Alencar, manteve negócios com Valério. Pagou ao menos R$ 82 mil em 2003. A Rede de Ensino Pitágoras, do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guias (PTB), segundo levantamento parcial, pagou R$ 185 mil à DNA desde o começo do governo Lula.