Título: Azeredo vai hoje à comissão explicar repasses de Valério
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2005, Nacional, p. A13

O presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), vai falar hoje à CPI dos Correios. Envolvido em denúncias de caixa 2 de campanha, por ter recebido contribuição financeira não declarada do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, na disputa pelo governo de Minas Gerais em 1998, Azeredo fará sua defesa à CPI na condição de senador. Derrotado na campanha à reeleição, o ex-governador de Minas não foi convocado nem tampouco convidado a depor no inquérito que investiga o pagamento de mesada a deputados. "Azeredo falará como parlamentar e homem de bem que ele é", diz o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), ao destacar que não haverá aparato ou tropa de choque porque não há necessidade disso.

Os tucanos destacam que petistas alegam que Lula não sabia do esquema do mensalão e não podem cobrar que Azeredo soubesse de tudo o que se passou em sua campanha, quando estava ocupado com o governo estadual.

Também não aceitam que se misture financiamento de campanha com mensalão. "A prova de que não é tudo igual é que as diferenças começam a aparecer, com a primeira renúncia", disse Virgílio ontem, referindo-se ao presidente do PL e agora ex-deputado Valdemar da Costa Neto. "Estão querendo incriminar o Azeredo, que prestou contas de R$ 8,5 milhões à Justiça Eleitoral, quando o mais grave na eleição de 1998 foi o cinismo do PT e seu candidato Lula."

Virgílio destacou que Lula declarou gastos de apenas R$ 3 milhões na campanha presidencial de 1998, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso prestou contas de R$ 45 milhões. "Isto é uma bofetada na Nação porque com esse dinheiro não pagaram sequer os bonés e camisetas."

O líder também fez questão de frisar que o senador mineiro continuará no comando do PSDB. "No nosso caso, renúncia não tem cabimento porque confiamos nele e jamais passou pela cabeça de alguém que Azeredo pudesse abrir mão do mandato."

O ex-governador ficou muito abalado com o envolvimento de seu nome nas investigações do mensalão. Ele não se conforma com a tentativa dos adversários de misturar caixa 2 de campanha com compra de votos, com a troca remunerada de filiação partidária, com o pagamento de mesada ou de propina em negócios com o poder público.

Azeredo levará à CPI um discurso escrito, não só para evitar que algum detalhe importante lhe escape, mas também porque quer apresentar documentos em sua defesa.