Título: Bornhausen: 'Presidente deve pôr o traseiro na cadeira e trabalhar'
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2005, Nacional, p. A14

O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, "aconselhou" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a "retornar o seu traseiro ao trabalho e trabalhar, em vez de ficar viajando e criando problemas para o País". O pefelista fez uma alusão às declarações de Lula, que, ao criticar, há alguns meses, os que reclamam das altas taxas dos juros bancários, recomendou aos brasileiros que tirassem o traseiro da cadeira e brigassem por taxas mais baixas. Para Bornhausen, quem está oferecendo perigos à economia é a "banda anti-Palocci" do PT e o próprio Lula, "que no exercício do chavismo atingiu o mercado na semana passada", disse ele, referindo-se ao que considera uma política populista do presidente. No período acumulado da semana passada, no entanto, a Bovespa teve alta de 2,56% e o dólar caiu 0,75%.

Na avaliação do presidente do PFL, quando Lula acena que a economia é vulnerável, na verdade estaria tentando criar um clima emocional na sociedade e isso ajudaria a mudar o foco da crise política. Para o pefelista, o governo pode estar procurando um bode expiatório.

Bornhausen afirmou que o PFL não aceita participar do chamado acordão e rechaçou a idéia de que a economia do País ainda seja muito vulnerável. A economia "não está sofrendo percalços", disse, "pelo contrário". "Os números demonstram estar bem. Apesar de este governo ser perdulário, ele aumentou o superávit primário, de maio para cá, de R$ 3,128 bilhões para R$ 5,8 bilhões."

Para o senador, "quem pode atrapalhar a economia é o presidente da República, ao não tomar medidas administrativas necessárias, e quando procura ensaiar um chavismo" - referência à política populista do presidente Hugo Chávez, da Venezuela.

O presidente do PFL disse também que a proposta do líder do PDT no Senado, Jefferson Peres (AM), de fazer uma agenda mínima para blindar a economia, "tem um intuito nobre", mas que o PFL mantém a mesma disposição e ação que vem exercendo. "Vamos discutir os projetos, votar contra ou a favor, os líderes participando das reuniões, mas somos oposição; não ao País, mas ao governo incompetente, que permitiu este triste momento de corrupção."

Segundo ele, "falta ao governo autoridade moral, política e administrativa, por permitir a corrupção desvairada". Na avaliação do senador, o governo "não tem autoridade política, pois construiu uma base de apoio na forma de cooptação, e introduziu esta figura desprezível que é o mensalão". "E falta-lhe autoridade administrativa, por ter criado muitos ministérios, mais de 40 mil cargos públicos, uma carga tributária de até 40%, transformando o brasileiro em burro de carga."