Título: Ditador viaja e sofre golpe militar
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2005, Internacional, p. A18

O Exército da Mauritânia disse ontem que tomou o poder para acabar como "o regime totalitário" do presidente Maaouya Ould Sid'Ahmed Taya, que havia ido à Arábia Saudita para o funeral do rei Fahd. A junta militar disse que governará o país por dois anos, um período indispensável para a preparação de verdadeiras instituições democráticas. A junta nomeou o chefe da polícia nacional, coronel Ely Ould Mohamed Vall, como novo líder.Taya, que havia assumido o poder por meio de um golpe de Estado em 1984, seguiu de Riad para o Níger, mas não quis dar declarações. O golpe começou às 5 horas locais (2 horas de Brasília), com a tomada da sede do Estado-Maior, assim como da rádio e TV nacionais, que cessaram suas emissões. Soldados fortemente armados foram enviados aos ministérios e ao palácio presidencial. Militares patrulhavam as ruas e bloqueavam vias de acesso à capital.

A Casa Branca, a União Africana e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, condenaram o golpe e pediram o retorno à ordem constitucional. A Mauritânia, encravada no oeste africano, entre a África negra e a árabe, tem a menor incidência de HIV do continente. Nos anos 90, Taya enfureceu muitos árabes no país ao deixar de apoiar o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein para declarar solidariedade a Israel e EUA.