Título: Parentes elogiam Lula e o isentam de culpa em denúncias
Autor: Ana Paula Scinocca, Carlos Marchi e Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2005, Nacional, p. A5

Orgulhosos e alheios à crise política que atravessa o País, em meio a denúncias de corrupção no governo, familiares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontraram-se com o parente ilustre a quem deram aconchego e falaram da total confiança na sua honestidade e capacidade de governar. "Lula tem trabalhado muito bem, tem feito um governo bom demais", elogiou José Cazuca Ferreira de Melo, 67 anos, primo do presidente que integrou uma caravana que saiu de Caetés (ex-distrito de Garanhuns, hoje município) em um ônibus para assistir à posse do presidente, em Brasília, no dia primeiro de janeiro de 2003.

Sua irmã, Cleonice Ferreira Rodrigues, que também fez parte da caravana, garantiu que, "quando o presidente ajuda os pobres, ajuda a todos nós (da família)". Pessoas simples, agricultores, nenhum dos familiares acredita que Lula tenha responsabilidade nas denúncias de corrupção. "Não acredito nem que Zé Dirceu (ex-ministro da Casa Civil) tenha culpa nessa história", aposta Cazuca, primo em primeiro grau do presidente.

"Tenho certeza que ele (Lula) é certo", afirmou José Florêncio Filho, 67 anos, o Dudinha, primo em segundo grau que conviveu com Lula na Vila Carioca, em São Paulo. "Tenho orgulho dele e vou ter mais", disse. "Ele foi traído por algum companheiro." Dudinha pretendia dar um abraço no primo e recomendar: "Continue sério como você é e tenha fé em Deus." O recado foi dado no encontro, do qual participaram cerca de 50 parentes do presidente, que abraçou os familiares um a um.

PALHAÇO

Vestido de palhaço, carregando uma mala em referência ao mensalão - suposto esquema em que deputados recebiam mesada para votar com o governo -, Genivaldo de Melo Costa driblou o forte esquema de segurança e pretendia entregar a mala ao presidente Lula no palanque armado na Praça Guadalajara. Ele conseguiu - "Não me perguntem como" - um broche de convidado e atraiu a atenção da imprensa.

"Minha intenção não é prejudicar a imagem do presidente, mas o governo não pode ter corrupção", disse ele minutos antes de ser retirado pelos seguranças do local. Os jornalistas, limitados a um cercado, tiveram dificuldade de falar com o manifestante por causa da segurança. Genivaldo se misturou ao povo com a mala enfeitada de cédulas de dinheiro, num protesto solitário, antes de ser definitivamente banido do local e de o presidente surgir no palanque.