Título: Fracasso de fuga provoca rebelião
Autor: Julio Cesar Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2005, Metrópole, p. C1,3

Presos ligados ao PCC lideraram motim em presídio de SP onde haveria resgate

Revoltados com a prisão dos seqüestradores e com o fracasso do plano de resgate no Paraná, detentos da Penitenciária 2 de Mirandópolis, no interior de São Paulo, dominaram parte do presídio e fizeram reféns 16 agentes penitenciários. Cinco presidiários renderam os carcereiros e dominaram a ala hospitalar e os três setores onde ficam as celas. Entre os presos da penitenciária está o Vô, cuja identidade não foi divulgada. Segundo o secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, ele seria um líder dentro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e alvo da operação de resgate planejada pelos seqüestradores da família do piloto José Melo Viana. Vô teria pago R$ 1 milhão pelo plano frustrado.

Segundo o delegado Riad Braga Farhat, chefe do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) - divisão anti-seqüestro que agiu no caso -, o motim começou às 12h50 e foi liderado por outro preso ligado ao PCC, o Tio.

No momento do motim, havia cerca de 250 pessoas visitando os detentos. Desesperada com os gritos de "Tá tomado", a maioria dos visitantes se escondeu dentro das celas. "Ficamos com muito medo, parecia que eles iam destruir tudo", disse, por telefone, uma mulher que visitava o filho. Outra ligação foi interceptada por um detento, que se identificou como Duda. Ele disse: "Avisa os mano que a coisa estourou".

A Polícia Militar foi chamada para reforçar a segurança. Cerca de cem homens da Tropa de Choque da cidade vizinha de Andradina foram acionados, mas não entraram na penitenciária. Um funcionário informou que o motim não continuou porque a polícia bloqueou o acesso ao pátio da unidade.

Por volta das 15h30, depois de uma negociação com a administração dos presídios, os detentos entregaram as armas, uma delas de brinquedo.

Segundo a PM, quatro detentos, que não foram identificados, seriam os líderes do motim e foram transferidos para penitenciárias de Valparaíso e Lavínia. O Estado não conseguiu contato com a Secretaria de Administração Penitenciária.