Título: Submarino russo é resgatado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2005, Internacional, p. A10

Os sete tripulantes suportaram temperaturas abaixo de 10 graus C antes de serem salvos por um robô

Os sete tripulantes russos que permaneceram três dias presos em seu submarino na profundezas do Oceano Pacífico foram resgatados ontem por uma nave britânica que cortou o emaranhado de cabos que estava presos à hélice. "Estava frio, muito frio, nem consigo descrever", disse um dos tripulantes, ao deixar o minissubmarino. "Hoje fomos testemunhas de um acontecimento afortunado. O intenso trabalho para liberar nosso submarino de uma profundidade de quase 200 metros teve bons resultados. Nossos camaradas de tripulação abriram a escotilha por conta própria", afirmou o almirante Viktor Fyodorov, chefe da Frota do Pacífico russa. "Eles (os tripulantes) tiveram uma atitude corajosa durante as 76 horas sob a água", acrescentou.

O minissubmarino russo voltou à superfície ajudado pela embarcação de resgate britânica Scorpio e seus sete tripulantes foram resgatados antes que o oxigênio se esgotasse.

Ao sair da nave, o comandante do minissubmarino, almirante Vyacheslav Milashevski, fez uma longa e solene saudação, então um sorriso surgiu em seu rosto. Pálido, mas andando de modo firme, ele respondeu "bem", quando os jornalistas perguntaram como ele se sentia. Sua mulher, Yelena, disse ter ficado maravilhada ao saber que a tripulação tinha sido resgatada. "Fiquei muitíssimo feliz e chorei", disse à TV.

Em uma corrida contra o tempo, o submergível britânico, que foi enviado à Península de Kamchatka de avião na sexta-feira à noite, libertou o minissubmarino russo graças a seus braços comandados por controle remoto que podem cortar metais a grandes profundidades. Mergulhadores americanos também ajudaram no resgate.

Todos os homens a bordo do minissubmarino AS-28 Priz, cuja reserva de oxigênio estava terminando, parecem estar em condições "satisfatórias", disse o porta-voz da Marinha, capitão Igor Dygalo. Cerca de cinco horas após o resgate, seis dos tripulantes ainda estavam em um hospital realizando exames. O sétimo foi mantido em um navio hospital por razões não reveladas. Um porta-voz do hospital naval que está tratando dos tripulantes, Nikolai Kostylov, disse que eles precisavam de tempo para se recuperar. Os homens sofreram uma prolongada exposição ao frio. Eles vestiram roupas térmicas para enfrentar uma temperatura média de 5 graus C.

O bem-sucedido resgate contrastou com o episódio do submarino nuclear Kursk, em agosto de 2000. Os 118 tripulantes morreram depois que o governo russo esperou que todas as chances de salvá-los se esgotassem para só depois pedir ajuda externa.

O presidente russo, Vladimir Putin, que na ocasião foi criticado por ter relutado em pedir ajuda internacional, recebeu novas críticas agora por permanecer de férias, enquanto as equipes de resgate lutavam para salvar a tripulação do minissubmarino AS-28. Putin enviou seu ministro da Defesa, Sergei Ivanov, a Kamchatka para inspecionar pessoalmente os trabalhos de resgate. Ivanov bateu palmas ao ver o submarino listado de vermelho e branco submergindo. Ele elogiou os esforços internacionais e disse: "Temos visto em façanhas, não em palavras, o que a irmandade do mar significa."