Título: Dólar volta ao nível de abril de 2002
Autor: Silvana Rocha, Denise Abarca e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2005, Economia & Negócios, p. B11

Na sétima queda consecutiva, o dólar fechou ontem na menor cotação desde 12 de abril de 2002 (R$ 2,294), em R$ 2,311, numa desvalorização de 1,32%. O paralelo recuou 0,49%, para R$ 2,637, os juros futuros projetaram queda, o risco país caiu 0,77%, para 388 pontos, e o A-Bond ganhou 0,75%, vendido com ágio de 3,5%. O Ibovespa, depois de superar a barreira psicológica dos 27 mil pontos, fechou em queda de 0,28%. Os oito vencimentos de dólar futuro projetaram queda. Os investidores reforçaram posições "vendidas", estimulados pelo fluxo cambial positivo em julho e pela queda do risco Brasil, num momento em que os estrangeiros demonstram confiança no País, a despeito da crise política.

Como o comercial está menos volátil, alguns operadores acreditam que o Banco Central voltará logo às compras de moeda americana. Dia 26, o Tesouro informou que ficaria fora do mercado de dólares enquanto durasse a volatilidade, uma vez que o cronograma de compras está adiantado. O atual patamar causa certa inquietação, especialmente entre os exportadores.

No mercado de juros, o otimismo dos investidores estrangeiros manteve o fôlego de queda das taxas futuras, especialmente nos contratos mais longos. O contrato de janeiro de 2007, o mais líquido, passou boa parte da tarde na cotação mínima, fechando em 17,68% ao ano, contra 17,84% na véspera. O contrato de janeiro de 2006, o segundo mais negociado, projetou 19,08%, ante 19,09%. A tendência é de recuo mais acentuado das taxas, daqui em diante, se a percepção do mercado de que a crise política está perdendo força se confirmar.

O Ibovespa chegou a subir quase 2%, ultrapassando os 27 mil pontos. Os investidores deixaram a crise política de lado e deram atenção aos bons indicadores econômicos, mas na última hora do pregão, a Bolsa começou a cair, num movimento de realização de lucros e de troca de posições.

A informação sobre a visita de Marcos Valério a Lisboa, a convite da Portugal Telecom, contribuiu para a volatilidade, mas não houve stress. Ontem, o investidor estrangeiro resolveu vender Telemar e comprar papéis dos setores de mineração e siderurgia. A liminar que pôs fim às tarifas de assinatura básica da telefonia fixa também pressionou os papéis do setor.