Título: Tarso e plano de renovar PT saem enfraquecidos
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2005, Nacional, p. A6

O presidente do PT, Tarso Genro, e o seu projeto de renovação do partido saíram fragilizados da reunião do Diretório Nacional no sábado. O ex-ministro da Educação acumulou derrotas e foi atropelado pelo Campo Majoritário, o grupo petista dominante. A proposta de Tarso de obrigar os diretórios estaduais a abrir o caixa 2 das campanhas para uma futura regularização de contas foi ignorada pelo Campo. Igual destino teve o apelo de Tarso para que a tendência abandonasse a prática do rolo compressor de impor uma resolução aos demais grupos do PT. A autocrítica branda aos métodos políticos da última gestão partidária também ficou muito aquém para quem aspira comandar uma "refundação do PT", segundo dizem vozes independentes até do Campo Majoritário.

O texto da resolução do Diretório sobre os erros cometidos pelo partido foi uma "derrota de Tarso", afirma o deputado Paulo Delgado (PT-MG). "Nós estamos respondendo burocraticamente aos problemas e sempre aquém das necessidades. Não adianta querer ser raso e superficial quando a questão central para a sociedade brasileira reside no fato de que o governo e o PT devem assumir seus erros."

Outro revés de Tarso foi no trecho da resolução do Diretório referente à política econômica. Preocupado em demarcar uma maior autonomia do partido em relação ao governo Lula, o presidente do PT considerou "tímida" apenas a rejeição das teses de aumento do superávit primário para blindar a economia.

A sua tentativa de dar um tom mais contundente ao documento, no entanto, foi brecada pelo ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP). A interlocutores, Dirceu manifestou "estranheza" com o comportamento de Tarso de querer criticar a política econômica em um momento de crise política.

Ao avaliar com aliados os resultados do encontro do Diretório, Tarso reconheceu dificuldades na condução da reunião e as atribuiu, em parte, à disputa por causa das eleições internas. Apesar dos obstáculos, segundo esses interlocutores, está disposto a manter a candidatura à reeleição pelo próprio Campo Majoritário. Para driblar a influência do grupo de Dirceu, vai viajar pelos Estados e procurar o apoio de lideranças regionais.