Título: CPI espera hoje de Valério todos os nomes do mensalão
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Nacional, p. A6

Os nomes de todos os políticos e dirigentes que receberam recursos de Marcos Valério e dos financiadores do esquema de arrecadação montado por ele é a principal revelação que os integrantes da CPI do Mensalão esperam ouvir hoje do publicitário. "Sabemos dos beneficiados em 1998, 2003 e 2004. Mas e em 2002? É a eleição dos atuais deputados, de senadores, do presidente da República. O 'valerioduto' não funcionou?", indaga o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vice-presidente da CPI.

Pimenta acha fundamental esclarecer "desde quando e em que campanhas o esquema funcionou". Também quer detalhar a obtenção de recursos. Ele acredita que Valério usou suas agências para obter empréstimos para os partidos, mas também teria "esquentado" (tornado legal) dinheiro doado por empresas sem declarar à Justiça Eleitoral. Outra forma seria fechar contratos de publicidade com o poder público e direcionar recursos para os partidos.

Valério fez mais revelações nos depoimentos fechados, à Polícia Federal e ao Ministério Público, do que à CPI dos Correios, há um mês. À CPI ele só confirmou ter usado suas agências para fazer empréstimos para o PT, sem que o partido aparecesse, a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Nos depoimentos fechados ele disse que o ex-ministro José Dirceu era garantidor informal dos empréstimos, mas não repetiu a informação na CPI. Os parlamentares esperam que Valério o faça. Dirceu nega ter autorizado a operação de caixa 2.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), da CPI, quer esclarecer a suposta operação, denunciada por Roberto Jefferson em que a Portugal Telecom ajudaria a saldar dívidas do PT e do PTB. Outra questão, diz, é o "comprometimento" do Banco Rural e BMG. "Por que tudo era feito com esses dois bancos?"

Há grande expectativa quanto às acusações que Valério deve fazer a Jefferson. Como o Estado informou ontem, Valério promete denunciar a tentativa do petebista de chantagear Delúbio. Como não teve sucesso, teria partido para o ataque.