Título: Defasagem da gasolina é de 11%
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Economia & Negócios, p. B4

Consumidor não sente impacto porque Petrobrás mantém preço

RIO - A disparada das cotações internacionais do petróleo vem provocando pouco impacto no bolso do consumidor brasileiro, já que a Petrobrás optou por segurar os preços dos principais combustíveis. De acordo com relatório do banco UBS, há hoje uma defasagem de 11% no preço da gasolina, 2% no preço do diesel e 15% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de botijão. O banco não espera, porém, que a estatal vá repassar a alta no curto prazo, opinião que encontra eco em outras instituições financeiras. A decisão da estatal vem causando prejuízo às duas refinarias privadas nacionais, que não podem aumentar seus preços para não perder clientes.

A Refinaria de Manguinhos paralisou suas operações na quarta-feira e a Ipiranga informou que só tem estoque de petróleo para operar até o dia 15. Depois disso, também pode parar as atividades de refino, caso o petróleo não retorne a patamares mais baixos. As duas empresas negociam com o governo federal uma solução para o problema.

Alguns produtos, como nafta petroquímica e querosene de aviação (QAV), vêm sendo reajustados de acordo com as oscilações do petróleo no mercado internacional. O QAV, por exemplo, subiu 12,2% desde o início do ano.

No último ajuste de preços, a Petrobrás reduziu o valor de venda do combustível em 3%. Os dois produtos seguem regras próprias de reajuste: o QAV é alterado a cada 15 dias e a nafta, uma vez por mês.

De acordo com a avaliação do mercado, no entanto, a Petrobrás não tem grandes prejuízos ao não reajustar os preços dos demais produtos, já que ganha com a alta dos preços na hora de vender o petróleo que produz em suas refinarias ou ao exportar parte de sua produção.

Em entrevista ao Estado na semana passada, o presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, disse que aumentos nos preços dos combustíveis têm impacto nas vendas da companhia e, por isso, qualquer decisão nesse sentido tem que ser tomada com cautela.

O último reajuste de preços da gasolina e do diesel foi promovido pela estatal em novembro de 2004. Desde então, o petróleo só fez subir no mercado internacional. Mas, por outro lado, a valorização do real em relação ao dólar vem garantindo um fôlego extra à empresa.

Segundo avaliação do banco UBS, os preços dos principais derivados não devem ser reajustados até 2007, quando a Petrobrás deve aproveitar uma queda na cotação do petróleo para recuperar as perdas que vem tendo com as defasagens.