Título: Indústria reage e volta a acelerar
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Economia & Negócios, p. B1

Expansão do semestre foi 5% maior do que no mesmo período de 2004 e junho teve o melhor resultado mensal do ano

RIO - A indústria brasileira superou a estagnação do início do ano e voltou a acelerar no final do semestre, garantindo expansão acumulada de 5% até a metade do ano, ante igual período de 2004. Em junho, houve aumento de 1,6% ante maio e de 6,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado, no melhor resultado mensal de 2005, puxado pelas exportações e pela expansão do crédito pessoal. A produção de bens de capital, um termômetro dos investimentos, também elevou o ritmo de crescimento, em mês em que a expansão da atividade foi "generalizada" na avaliação do coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales. "Os dados de junho reforçam o sinal de que a indústria está em fase de evolução da produção. Um claro destaque são os bens duráveis, que se apropriam dos dois fatores que têm impulsionado a economia, as exportações e o crédito pessoal", disse.

No segundo trimestre a indústria acelerou o crescimento para 5,1%, o dobro dos 2,5% do primeiro trimestre, ante iguais trimestres de 2004.

"Os dados (divulgados ontem) revelam que apesar das dificuldades impostas pelo elevado nível da taxa de juros doméstica e pela valorização do real ante o dólar, a atividade econômica do setor fabril não se abateu", destacam os economistas da GRC Visão.

As vendas externas e a expansão do crédito vêm impulsionando a indústria desde o ano passado, mas como as exportações crescem progressivamente e os financiamentos estão cada vez mais acessíveis, os efeitos se acentuaram em junho com a ausência de pressões negativas significativas.

CONSEQÜÊNCIAS

Sales sublinhou que a forte expansão dos bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos) tem efeitos indiretos importantes sobre a produção da indústria como um todo. Segundo ele, entre os produtos que impulsionam a indústria, destacam-se, nessa ordem, automóveis, aparelhos eletroeletrônicos e petróleo.

Os duráveis continuam crescendo bem acima da média industrial e registraram em junho aumento de 8,1% na produção ante mês anterior e de 23,6% ante igual mês do ano passado, quando já havia crescido acima de dois dígitos. O fator preponderante para essa expansão é o crédito e, por isso, Sales alertou que é preciso ficar atento aos dados de inadimplência para checar o fôlego do crédito pessoal.

"Os dados da inadimplência, que medem a qualidade da capacidade de pagamento dos consumidores, ainda não tiveram agravamento, mas têm de ser acompanhados", disse.

Por outro lado, ele acredita que o mercado interno poderá vir a ter nos próximos meses algum impulso com a queda da inflação e aumento do emprego, que podem dar mais estímulo aos bens de consumo não duráveis, os quais dependem da renda dos trabalhadores.