Título: Lula reunirá equipe para mostrar trabalho
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Nacional, p. A6

Encontro com ministros está marcado para sexta-feira: presidente quer discutir as conseqüências da crise na economia e política e fixar prioridades até fim do mandato

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou para sexta-feira da semana que vem, na Granja do Torto, a partir das 14 horas, a terceira reunião ministerial do ano. A conjuntura política e econômica do País, com as conseqüências da crise no governo, e as prioridades do Planalto até 2006 serão os dois temas que dominarão a reunião, que será a 11.ª desde o início do governo e a primeira com a nova equipe que Lula pretende que o acompanhe até o fim do mandato. O presidente quer traçar as metas de trabalho e avisar a todos que a sua resposta à crise é trabalho, como tem dito a seus interlocutores. A convocação da reunião ministerial, que deve se estender até sábado, é mais uma medida dentro da estratégia do governo de mostrar que não está parado por causa do agravamento da crise. Para fazer o encontro, Lula adiou a viagem que faria sexta-feira e sábado a Natal e Angicos, no Rio Grande do Norte. Ele deve visitar as duas em breve, dentro da idéia de continuar viajando pelo País para mostrar resultados dos dois anos e meio de seu governo.

"Não estamos em campanha, estamos governando", argumentou um auxiliar, ao negar que Lula esteja em campanha pelo País. "Estamos colhendo frutos que foram plantados e temos muito para mostrar."

Desde que a crise se agravou, Lula tem visitado quatro cidades por semana em diferentes regiões. Ele vai manter essa agenda, ficando fora de Brasília pelo menos dois dias na semana. "Vou continuar viajando pelo País", avisou, explicando que considera esta "uma forma de enfrentar a crise política". Ele tem dito que as viagens o revigoram e volta a Brasília "com as baterias recarregadas".

Lula quer continuar a reaproximação com os movimentos sociais e anteontem, ao se reunir com 25 sindicalistas no Piauí, chegou a admitir que "andava meio trancado (no gabinete)", como relatou Inácio Schuck, do Sindicato dos Servidores da Saúde do Piauí. "O presidente disse que nada melhor para enfrentar a crise do que se reunir com a sociedade, discutir os problemas", observou Schuck, ao contar que Lula disse que "estava meio trancado porque o governo estava trabalhando a governabilidade, estava mais voltado para o Congresso".

Nessa conversa, Lula contou que "não tinha idéia de que a Presidência da República era tão formal". E prometeu: "Daqui para a frente, vou ter uma agenda mais aberta, mais voltada para o povo, para ter um termômetro melhor, ouvir críticas e até para melhorar a atuação do governo e dos ministros."