Título: Bônus-Banval tirou R$ 600 mil do Rural em SP
Autor: Alexandre Rodrigues,Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Nacional, p. A10

Sócio da corretora diz que valor é o dobro do que sabia a CPI e foram 4 saques e não 2

Um dos sócios da corretora Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, disse ontem em depoimento à Polícia Federal que seus funcionários retiraram da agência do Banco Rural da Avenida Paulista, em São Paulo, R$ 600 mil em dinheiro - e não R$ 300 mil, como investigava a CPI dos Correios. Ele explicou ainda que foram quatro saques, não dois, e todos a mando de Marcos Valério de Souza Fernandes. Ele revelou que Marcos Valério negociou, no ano passado, durante seis meses a compra da corretora. As declarações feitas ao delegado da PF Pedro Alves podem comprometer ainda mais o publicitário mineiro.

O advogado da Bônus-Banval, Antonio Sérgio Pitombo, disse que a retirada era feita a pedido de Simone Vasconcelos, diretora-financeira da SMPB, uma das agências de publicidade de Valério. Pitombo contou que a justificativa era que Marcos Valério não queria viajar com quantias altas de dinheiro e pedia que os funcionários da Bônus-Banval fossem até o Banco Rural buscar o dinheiro.

Segundo o depoimento de Quadrado à PF, os valores eram entregues em envelopes e não eram sacados no caixa. O dinheiro, então, era levado para o escritório da Bônus-Banval, em São Paulo, e retirado depois pelo próprio Marcos Valério.

Quadrado afirmou, de acordo com sua defesa, que Marcos Valério esteve várias vezes no escritório da corretora em São Paulo no ano passado, para negociar sua compra. O advogado disse que durante seis meses houve negociações que deram a Marcos Valério acesso a todos os documentos da empresa, mas a compra não foi efetivada.

Há outros R$ 2,9 milhões que teriam entrado na conta de aplicações da Bônus-Banval por meio da empresa 2S Participações - que tem Valério como sócio. A origem desse dinheiro, de acordo com Pitombo, não foi justificada pela empresa e está sendo investigada por auditoria interna na Bônus-Banval.

A CPI dos Correios também investiga o fato de Michele Janene, filha do líder do PP na Câmara, José Janene (PR), ter trabalhado na Bônus-Banval. Outro fato também não esclarecido é a respeito de Roberto Marques.

Documento do Banco Rural o autorizava a sacar R$ 50 mil das contas das empresas de Valério. Mas o dinheiro acabou sendo retirado por Luiz Carlos Mazano, funcionário da Bônus-Banval. Os advogados da empresa disseram que Mazano era apenas um emissário e nada sabia da origem do dinheiro. A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de Valério, mas não conseguiu localizar nenhum responsável.