Título: Ex-caixa de campanha do prefeito de BH é indiciado
Autor: Alexandre Rodrigues,Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Nacional, p. A10

Rodrigo Barroso Fernandes, que trabalhou para o petista Fernando Pimentel, é acusado de lavagem de dinheiro; PF também indiciou ex-assessor de Anderson Adauto

A Polícia Federal indiciou ontem o ex-coordenador financeiro da campanha à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), Rodrigo Barroso Fernandes, e José Luiz Alves, assessor do prefeito de Uberaba, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PL), por suspeita de lavagem de dinheiro e, possivelmente, crime eleitoral. Eles figuram na lista de sacadores das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural. Os dois se recusaram a dar informações sobre o caso durante o depoimento ontem na sede da PF em Belo Horizonte e passaram da condição de testemunhas para a de acusados. Pelo segundo dia consecutivo, os delegados Luiz Gustavo Góes e Cláudio Ribeiro Santos, de Brasília, ouviram pessoas que aparecem na lista.

Segundo Góes, Barroso e Alves utilizaram a prerrogativa constitucional de não produzir provas contra si mesmos, artifício que só cabe a acusados. Como compareceram à PF na condição de colaboradores, os delegados decidiram indiciá-los.

"Os dois se recusaram a mencionar qualquer coisa sobre esse fato. Espontaneamente, eles se colocaram na posição de investigados. Vamos continuar o inquérito", afirmou o delegado.

Os indiciados deixaram a sede da PF sem falar com jornalistas. Na chegada, Barroso se disse injustiçado e negou ter feito saques. Ele pediu demissão da direção da Fundação Municipal de Cultura quando foi identificado como o autor de um saque de R$ 274 mil. Alegou que o afastamento foi para preservar a instituição.

OPERACIONAL

A gerente financeira da SMPB, Geiza Dias, também foi ouvida. Ela confirmou que deu autorização para os saques, seguindo ordens de seus superiores. Geiza reconheceu alguns nomes da lista de autorizados para saques, mas disse não saber de quem se tratam. "Aparentemente, a figura dela era operacional, de mera execução. Ela cumpriria ordens das pessoas a que está subordinada", observou o delegado. Geiza entrou e deixou o prédio da PF pela garagem e não falou com a imprensa.

Cristiano Paiva, assessor da deputada estadual Vanessa Lucas (PSDB) que teria sacado R$ 300 mil, também esteve na PF e, segundo seu advogado, negou os saques. Também foram ouvidos Fernando Cesar Rocha - economista, que, para justificar o saque de R$ 100 mil, alegou ter prestado serviços à SMPB - e Antônio Fausto da Silva Barros, ex-assessor da prefeitura de Divinópolis, que teria sacado cerca de R$ 44 mil. Anteriormente, Barros afirmara que o dinheiro foi doado pela Usiminas para a campanha à reeleição do prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (PMDB). Góes afirmou que uma acareação entre os depoentes pode ser realizada na semana que vem.