Título: Naufrágio do Kursk matou 118 há 5 anos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Internacional, p. A19

Submarino nuclear russo virou túmulo para seus marinheiros no Mar de Barents

Em 12 de agosto de 2000, explosões a bordo jogaram para o fundo do Mar de Barents o submarino nuclear Kursk, um dos orgulhos da Marinha de guerra russa. Quase todos os 118 tripulantes morreram imediatamente com as explosões. Uns poucos sobreviveram ao impacto, para morrer algumas horas depois de falta de oxigênio, em condições inimagináveis e numa escuridão de breu. O incidente e as tentativas canhestras de resgate mostararam a decadência da outrora poderosa Marinha soviética. Durante a guerra fria, a União Soviética chegou a ter 200 submarinos nucleares. Cerca de cem permanecem desativados nas proximidades das bases do norte da Rússia, da costa asiática e do Mar do Japão. Os mísseis nucleares foram retirados, mas os reatores continuam lá, fazendo desses depósitos de sucata uma espécie de Chernobyl em câmera lenta em toda a região do Ártico, na definição dos ecologistas noruegueses.

O submarino Kursk K-141 tinha 5 anos de uso e era uma das melhores peças do arsenal bélico russo. Moscou agiu de acordo com códigos do tempo do comunismo, cuja regra de ouro era manter absoluto segredo sobre fiascos militares e tecnológicos, não importando o número de vítimas. Mas a Marinha russa não conseguiu retirar seus sobreviventes do fundo do mar e passou a humilhação de aceitar a ajuda da Noruega e da Grã-Bretanha.

A nave estava a 108 metros de profundidade. Os noruegueses levaram um navio com oficina de forja, capaz de confeccionar qualquer tipo de ferramenta necessária para o salvamento. Em 48 horas os noruegueses fizeram o que era impossível para os russos. A equipe era formada por 12 mergulhadores civis noruegueses e britânicos, acostumados ao trabalho em plataformas de petróleo e gás, trabalhando em turnos de 6 horas debaixo da água gelada. O Kursk foi serrado e os corpos resgatados.