Título: Rússia luta para salvar equipe de submarino
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Internacional, p. A19

Nave ficou presa a 190 metros no Pacífico com sete marinheiros

A Marinha russa trabalhava na madrugada de hoje para tentar resgatar um minissubmarino preso nas profundezas do Oceano Pacífico com sete pessoas a bordo, enquanto a Grã-Bretanha e os EUA enviavam naves de resgate antes que os tripulantes ficassem sem oxigênio. O comandante da Frota do Pacífico da Rússia, almirante Viktor Fyodorov, anunciou que um navio de resgate tinha conseguido prender um cabo ao minissubmarino, que estava a 190 metros de profundidade, e já o havia arrastado cerca de um quilômetro para águas mais rasas. "Estamos prosseguindo com nosso trabalho para levá-lo para uma área mais rasa, mas não posso dizer se vamos conseguir", declarou. Fontes da Marinha disseram à Reuters que a tripulação estava em "condição satisfatória" e se movia o mínimo possível para economizar oxigênio.

A hélice do minissubmarino AS-28 se enroscou nos cabos de uma rede de pesca de um barco japonês durante um exercício militar na Península de Kamchakta. Mais de 30 horas depois, a Marinha russa desistira de tentar cortar os cabos.

Fyodorov disse que esperava levar a nave a um local onde mergulhadores poderiam alcançá-lo em oito horas, antes da chegada das equipes de resgate britânicas e americanas. A uma profundidade de 190 metros um mergulhador seria exposto a uma pressão atmosférica 19 vezes maior que a normal e necessitaria permanecer por um longo período em uma câmara de descompressão para evitar a embolia, potencialmente fatal.

Um avião militar britânico, transportando um sofisticado veículo de resgate Scorpio, capaz de submergir a 1.000 metros de profundidade, partiu para o local do desastre ontem à tarde. Os EUA também enviaram de avião dois submersíveis acionados por controle remoto para a Península de Kamchakta, mas havia dúvidas se chegariam a tempo.

Não estava claro quanto oxigênio a tripulação ainda tinha. Estimativas iniciais indicavam que eles tinham mais 24 horas de oxigênio, mas Fyodorov disse que eram apenas 18 horas.

As informações confusas e contraditórias lembraram o incidente há cinco anos com o submarino nuclear Kursk, que afundou no Mar de Barents após uma série de explosões a bordo (ler abaixo). Nessa ocasião, morreram os 118 tripulantes. O presidente russo, Vladimir Putin, foi duramente criticado pela forma como lidou com a crise e por sua recusa inicial em aceitar ajuda de outros países. O desastre chocou os russos e embaraçou profundamente o país ao revelar como sua outrora poderosa Marinha tinha se deteriorado após o colapso da União Soviética. Desta vez, a Rússia pediu ajuda externa horas após a notícia do afundamento.