Título: Gushiken culpa Dantas por denúncias
Autor: Flavio Leonel
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Nacional, p. A9

O chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken, defendeu ontem a investigação dos fundos de pensão, voltou a rebater acusações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que influenciaria no setor e culpou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, pelas denúncias. "Eu tenho dito reiteradas vezes que não há nenhuma possibilidade de alguém de fora ou do governo manipular os fundos de pensão", afirmou o ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégia (Secom), em entrevista à Rádio Eldorado.

Gushiken acredita que as ligações que estão sendo feitas entre ele e os fundos são motivadas pelo caso que envolveu Dantas no episódio da Kroll Associates. A espionagem da Telecom Italia - que disputava com o Opportunity o controle da Brasil Telecom - atingiu Gushiken, que teve e-mails violados.

"Ele contratou uma empresa de investigação, a Kroll, há dois anos e meio, para investigar a minha vida pessoal, numa atividade ilegal e sórdida. Por que ele fez isso? Porque sempre foi da minha política orientar os fundos de pensão a não permitir que empresários sem escrúpulos pudessem manipular recursos que são patrimônio dos trabalhadores", destacou o ex-ministro. "Parece que o senhor Daniel Dantas não gostava desse tipo de posicionamento."

Gushiken disse que "há mais de um mês e meio" vem falando que é inverossímil a hipótese de os recursos do empresário Marcos Valério terem origem nas contas de publicidade do governo. "É impossível ocorrer isso. É fato demonstrado matematicamente", comentou. "Eu até me coloquei à disposição da CPI (dos Correios) para este esclarecimento."

BLINDAGEM

Na entrevista à rádio, Gushiken negou que exista no PT uma estratégia de blindagem em torno do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Delúbio confessou ter montado um esquema de caixa 2 no PT e é acusado por Jefferson de participar do esquema do mensalão - que seria pago a parlamentares aliados do governo. No sábado, quando seria votada uma proposta para a sua suspensão, ele enviou uma carta e se antecipou à medida, pedindo afastamento, que foi aceito.

"Não acho que haja, por parte do PT, a intenção de proteger o sr. Delúbio Soares. Pelo contrário, acho que o PT vai ser bastante rigoroso", opinou Gushiken. "Não vejo a menor possibilidade de uma espécie de pizza dentro do nosso partido", completou.