Título: Fitch prevê fortes ganhos dos bancos neste ano
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B1

A agência de classificação de risco Fitch Ratings acredita que os resultados dos bancos brasileiros no primeiro semestre vão confirmar a boa tendência de ganhos registrada no início deste ano, abrindo espaço para fortes lucros no setor em 2005. "O crescimento robusto do crédito ao consumidor tem ajudado nos ganhos e estimulados as margens", disse a agência em relatório divulgado ontem. "A mudança na composição do portfólio deverá proteger o setor contra uma eventual queda das taxas de juros e maior concorrência." A Fitch observa que, embora alguns setores fundamentais da economia brasileira tenham se desaquecido recentemente, a demanda doméstica continua a receber um estímulo da substancial produção em algumas atividades e da melhora na balança comercial no ano passado. Além disso, mercados internacionais favoráveis estão estimulando as exportações, o que melhorou a perspectiva nos primeiros meses deste ano. No entanto, diz a agência, a atividade econômica se desacelerou no primeiro trimestre deste ano, refletindo a política monetária mais restritiva para controlar a inflação. "Achamos que ainda é prematuro prever o impacto da tendência econômica sobre as atividades bancárias."

A Fitch prevê crescimento dos empréstimos bancários neste ano mais modesto do que no ano passado. "A queda, já sinalizada nas vendas do varejo, investimentos e consumo, combinada com a manutenção de taxas de juros altas até junho de 2005, poderia afetar as atividades a partir do terceiro trimestre, caso o consumo e a demanda interna sejam comprometidos." A agência alerta também que, apesar da redução da vulnerabilidade a choques externos e ao crescimento das exportações, a perspectiva macroeconômica de longo prazo poderia ser afetada se os prognósticos para taxas de juros internacionais mais altas persistirem e aumentarem as tensões políticas.

No entanto, a Fitch afirma que desde maio passado a curva para as taxas de juros interbancárias para depósitos de curto prazo têm declinado por causa da entrada de recursos externos e dos primeiros sinais de queda da inflação. Esse ambiente favorável encorajou o sistema bancário a expandir suas operações de crédito, que representaram 27% do PIB em maio deste ano. Entretanto, esse porcentual ainda era muito baixo se comparado com o de outras economias mais estáveis.

Os empréstimos concedidos pelo setor bancário totalizaram R$ 518,3 bilhões em maio passado, um crescimento de 6,9% nos cinco primeiros meses deste ano, e de 18,4% em relação a maio de 2004. Esse aumento ocorreu principalmente no varejo, segmento que rende margens graúdas aos bancos, apesar da crescente concorrência. O financiamento dessa maior concessão de empréstimos foi feito principalmente na forma de recursos de curto prazo, principalmente depósitos.

A Fitch prevê que a qualidade dos empréstimos em 2005 poderá ser afetada pelo vencimento dessas operações e pela mudança dos portfólios por causa de um aumento da proporção de empréstimos de alto risco.