Título: Ministro quer equilibrar comércio com a Nigéria
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, quer dar aos exportadores brasileiros uma garantia adicional de recebimento das vendas que fizerem para a Nigéria. Será uma espécie de conta-garantia, em que parte do pagamento feito pela Petrobrás na compra de petróleo bruto da empresa estatal Nigerian National Petroleum Corporation ficará retida, e só seria liberada após os exportadores brasileiros receberem. Em contrapartida, o governo brasileiro estuda abrir uma linha de financiamento do Programa de Estímulo às Exportações (Proex), administrada pelo Banco do Brasil, para estimular as vendas à Nigéria. Segundo Furlan, que chegou a Abuja no domingo à noite para uma missão comercial de dois dias, inicialmente os recursos seriam em torno de US$ 500 milhões. Integram a comitiva 35 empresários brasileiros e representantes de estatais brasileiras.

Os recursos do Proex, disse Furlan, poderiam ser usados para financiar a exportação de máquinas e equipamentos e obras de infra-estrutura. O ministério mapeou projetos de construção ou ampliação de 11 usinas hidrelétricas e 1 gasoduto, ligando Nigéria a Gana, que poderiam receber investimentos."

As medidas fazem parte do esforço de Furlan para reverter o déficit comercial brasileiro com a Nigéria, de cerca de US$ 3,5 bilhões anuais. Para isso, o ministro precisa derrubar resistências dos setores empresariais traumatizados com o não-pagamento pela Nigéria de negócios realizados nos anos 70 e 80. O Brasil ainda terá de eliminar barreiras comerciais, com impostos de até 70% para grande número de produtos.

O Brasil quer aproveitar o interesse nigeriano em investimentos para barganhar a abertura de mercados, alertando que pode buscar alternativas para importar petróleo, principal item da balança comercial nigeriana, se não conseguir reverter em parte o déficit comercial.