Título: Preço dispara e Bush assina pacote energético
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B6

No dia em que o petróleo futuro bateu recorde em Nova York, chegando a quase US$ 64 o barril, o presidente Bush assinou um decreto destinado a estimular a criação de fontes energéticas e o uso mais racional da energia. O projeto, que envolve financiamentos e renúncias fiscais de US$ 14,5 bilhões, ficou em debate no Congresso quatro anos, e é considerado demagógico pela oposição e por grupos ambientalistas. "Esta legislação é um primeiro passo crítico", disse Bush. "Não iremos resolver nossos problemas da noite para o dia. A maioria dos nossos problemas, como a gasolina muito cara e a crescente dependência de petróleo estrangeiro, vem de décadas". O preço médio do litro da gasolina nos Estados Unidos equivale a R$ 1,43, bem menos do que o preço médio em São Paulo (R$ 2,10), mas alto para uma população acostumada a combustíveis baratos. Os EUA consomem 21 milhões de barris de petróleo por dia.

Bush fez essa declaração em Albuquerque, onde visitou um laboratório de energia solar. Cada disco desse centro pode produzir 25 quilowatts de energia elétrica, suficiente para abastecer 10 casas.

O projeto de Bush estimula a produção de energia nuclear, a exploração de petróleo e a produção de etanol a partir do milho. E quem instalar coletores de energia solar e comprar carros híbridos (movidos a gasolina e a eletricidade) terá descontos de impostos. Anna Aurilio, do Grupo de Pesquisas de Interesse Público, comentou que "os lobistas da indústria energética devem estar comemorando esse projeto, mas o americano comum precisa ficar de olho em sua carteira".

A alta do petróleo futuro foi atribuída, entre outros motivos, ao fechamento da embaixada e dos consulados americanos na Arábia Saudita, após um alerta de possíveis atentados