Título: Petrobrás espera recuo do petróleo
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B6

A Petrobrás aposta numa queda do preço internacional do barril de petróleo nos próximos meses para não precisar reajustar o valor cobrado no País pelo litro do diesel e da gasolina, combustíveis que têm impacto direto na inflação. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, também afirmou ontem que a oscilação constante nos preços do produto nos últimos meses não permitia uma análise confiável que indicasse um novo patamar de preços.

"Se a alta permanecer por muito mais tempo, aí sim teremos que fazer um ajuste de preços, mas isso não está caracterizado ainda", disse ele, em entrevista após participar da posse do novo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Odilon Macuzzo.

Gabrielli não especificou, entretanto, qual o tempo necessário para que a estatal resolva reajustar os preços dos combustíveis. Mas garantiu que isso não será feito no "curto prazo".

A redução de preço esperada para o barril de petróleo ainda este ano, segundo o presidente da estatal, tem base em pelo menos três aspectos. O primeiro é o fim do verão americano, que reduz a demanda no maior mercado consumidor de gasolina, elevando os estoques mundiais.

O segundo motivo também tem relação com os Estados Unidos. Segundo Gabrielli, a alta dos juros norte-americanos faz migrar o capital aplicado na área de petróleo para outros segmentos do mercado financeiro.

O terceiro motivo, para Gabrielli, é a relativa "estabilidade" geopolítica que vem sendo verificada no Oriente Médio. Indagado sobre a alta de hoje do petróleo, provocada pelo aumento do risco de atentados contra ocidentais na Arábia Saudita e dúvidas sobre a capacidade de produção nos Estados Unidos, Gabrielli considerou o fato como um "caso isolado".

REFINARIA

O presidente da Petrobrás descartou a possibilidade de a estatal arrendar a Refinaria de Manguinhos, hoje sob comando do Grupo Peixoto de Castro, em parceria com a Repsol/YPF.

Com a produção suspensa desde a semana passada, Manguinhos tem enfrentado dificuldades de colocar seu combustível no mercado pelos mesmos preços da Petrobrás, que não repassou as altas internacionais do barril de petróleo. Manguinhos e a Refinaria Ipiranga são as únicas duas no País que não são administradas pela estatal.

Gabrielli afirmou que a Petrobrás estuda alternativas para "auxiliar" Manguinhos. A mais provável é inclui-la em seus sistema de exportação. "Estamos estudando a viabilidade técnica e logística para que isso ocorra, por Manguinhos não poder exportar por conta própria devido ao volume reduzido de sua produção", explicou.