Título: Varig retoma 2.º lugar no ranking das aéreas
Autor: Nilson Brandão Jr, Alberto Komatsu e Mariana B.
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B13

A Varig encostou na Gol e recuperou a segunda colocação do mercado doméstico de aviação no mês passado, pela reduzida margem de 0,04 ponto porcentual: cravou 26,46% de participação e a concorrente, 26,42%. Em julho, o tráfego interno cresceu 26% ante 2004, taxa recorde para o setor pelo menos nos últimos dez anos. Com esse avanço do tráfego doméstico em julho, a expansão do setor no acumulado do ano até julho é de 16%. Tradicionalmente, o setor aéreo cresce apenas duas vezes a expansão do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril, a Gol havia ultrapassado a Varig também por uma pequena margem: chegou a 27,81% enquanto a Varig teve 27,61% do mercado. Desde então, a fatia de cada uma das duas companhias encolheu um ponto porcentual. Já o tamanho da TAM no mercado avançou de 42,3% para 44,6% de abril a julho. A novata WebJet, que iniciou as operações em 12 de julho, ficou com 0,38%.

Em nota, a Varig diz que "soube aproveitar as condições globais do mercado doméstico" e atribuiu o resultado a um melhor aproveitamento da malha e a uma "política de preços mais agressiva". Para a TAM, a confirmação de sua posição de liderança no setor resulta de uma "malha aérea eficiente". A empresa também cita preços competitivos dentre as razões de seu desempenho. A Gol não comentou os resultados.

Segundo analistas, o crescimento da TAM se deve principalmente ao aumento da oferta com operações de vôos fretados. Esse tipo de operação ajuda a aumentar o aproveitamento médio, mas a margem de rentabilidade costuma ser menor. A explicação para a diminuição de participação da Gol, que em junho chegou a 28,77% do mercado, está no fato de que a empresa não conseguiu aumentar sua oferta no mesmo nível que as demais, uma vez que seus aviões já operam no limite.

A explicação para o crescimento expressivo do setor neste ano, segundo o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), George Ermakoff, está no aumento da competição, que tem se traduzido em passagens mais baratas. "No começo de 2005 estávamos esperando um crescimento de 8% a 10%. Mas, como não está havendo aceleração do PIB, só é possível imaginar que o preço relativo das passagens está decrescendo." Nos últimos dias, Varig e TAM, no entanto, reajustaram em cerca de 10% as tarifas domésticas. A Gol ainda não anunciou reajustes, mas diz que estuda o assunto.

Além disso, o controle de oferta que o governo vinha exercendo foi flexibilizado desde o ano passado. Apenas em julho, a oferta de vôos no setor doméstico cresceu 15,4% ante o mesmo mês no ano anterior. Os dados, compilados pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), mostram que a taxa de ocupação nos vôos internos chegou a 78% em julho. O número de passageiros transportados por quilômetro foi de 18,691 milhões no acumulado do ano.

No setor internacional, o tráfego das empresas brasileiras avançou 7,6%, ante julho do ano passado. No acumulado do ano, quando as empresas brasileiras transportaram 14,706 milhões de passageiros, o crescimento foi de 11,8%.

No mês, a fatia de mercado da TAM chegou a 20,93% (era de 17,45% no mesmo mês em 2004), enquanto a fatia da Varig encolheu e chegou a 76,96% (havia sido de 81,96% em julho do ano passado).