Título: Valério teria feito proposta indecente à companhia
Autor: Jair Rattner e Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Nacional, p. A11

A direção do Grupo Portugal Telecom recusou-se a receber o publicitário Marcos Valério na viagem à Lisboa nos dias 24, 25 e 26 de janeiro por causa de uma "proposta indecente" feita pelo publicitário em reunião anterior, que teria desagradado à empresa, de acordo com fontes do mercado. As fontes não especificaram qual teria sido a proposta, nem se ela estava relacionada a pedido de dinheiro para partidos. Em viagem anterior, Valério havia procurado a empresa como principal publicitário da Telemig Celular, controlada pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas. A Portugal Telecom tem 50% da Vivo, controle que compartilha com a espanhola Telefônica. Em várias ocasiões a Vivo, maior operadora celular do País, negociou a compra da Telemig Celular, que atua em Minas Gerais, Estado onde a Vivo não está presente.

No primeiro contato, Valério havia dito que queria apresentar suas empresas, DNA e SMPB, principais agências de publicidade da Telemig Celular, com o objetivo de continuar a prestar serviços depois de uma possível troca de controladores. Segundo as fontes, a conversa tomou então outro caminho, chegando à proposta que desagradou à direção da empresa. A desculpa para não receber Valério foi de problemas de agenda do presidente da PT Telecom, Miguel Horta e Costa, mas a direção da empresa já estava decidida a não ter mais conversas com o publicitário.

CONFLITO

O Banco Opportunity encontra-se em conflito com seus sócios na Telemig Celular e na Amazônia Celular. Apesar do interesse da Vivo e da Claro, da mexicana América Móvil, nas empresas, nunca foi possível chegar a um acordo sobre a venda. O Opportunity culpa o Citigroup pela recusa das ofertas feitas.

Os fundos de pensão e o banco americano jogam a responsabilidade para o Opportunity. O banco de Daniel Dantas já chegou a planejar algumas vezes a incorporação das duas empresas pela Brasil Telecom, que também estava sob seu controle, mas a proposta também não foi para frente, bloqueada pelos outros sócios. Dos fundos, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, tem a maior participação. Segundo o Opportunity, a negociação com a PT Telecom sobre a Telemig ocorreu entre maio e setembro do ano passado.