Título: Blair anuncia pacote antiterror
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2005, Internacional, p. A16
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou ontem um pacote de medidas para enquadrar os fanáticos religiosos e combater o terrorismo (ler detalhes ao lado). O pacote inclui deportação sumária de estrangeiros que incitem ou defendam o terror e até mudanças nas leis de direitos humanos. "A Grã-Bretanha já pode rejeitar asilo ou deportar quem ameaçar sua segurança", disse Blair em entrevista coletiva.
O líder britânico disse que as emendas nas leis de direitos humanos vão tornar mais fáceis as expulsões dos que transgridem o modo de viver dos britânicos. A decisão recebeu fortes críticas de organizações de direitos humanos e dirigentes da comunidade muçulmana, e também do oposicionista Partido Liberal-Democrata, apontado como terceira força política do país (ler abaixo).
O anúncio do pacote coincidiu com uma nova blitz da Scotland Yard em Londres e subúrbios. Foram detidos mais dois suspeitos de dar apoio logístico aos autores dos ataques do dia 21 de julho contra três trens do metrô e um ônibus. Eleva-se agora a 17 o total de presos por envolvimento naqueles atentados. Destes, três implicados já estão sendo formalmente processados.
Tentando reforçar os argumentos em favor do pacote, Blair disse que a tradicional hospitalidade britânica tem sofrido abusos e o governo precisa impor salvaguardas para proteger os cidadãos. "As pessoas precisam saber que as regras do jogo estão mudando", alertou. "As pessoas agora entendem que quando avisamos sobre ameaça terrorista não se trata de fantasia, mas de algo muito real", ressaltou.
Entre as mudanças previstas está a recusa pelo Ministério do Interior da dar asilo político a pessoas envolvidas com terrorismo em seus países de origem. Tanto a deportação sumária quanto a não-concessão de asilo a suspeitos não necessitarão de uma nova legislação. As leis vigentes darão ao Ministério do Interior esse poder.
Blair pensa em abreviar as férias de verão dos deputados para votação das demais medidas, como as emendas às leis de direitos humanos.
Por último, o primeiro-ministro destacou que serão banidos dois grupos islâmicos com sede no país "empenhados em fazer a apologia do terrorismo": Hizv ut Tahirir e Al-Muhajiroun.