Título: Especialista desconfia de falta de manutenção
Autor: Carmen Pompeu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Metrópole, p. C3

Falta de manutenção. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Valores de São Paulo e diretor da Protege, Manoel Regi, essa pode ser a explicação para o fato de os equipamentos de segurança da caixa-forte do Banco Central de Fortaleza não terem funcionado no assalto de R$ 150 milhões, no fim de semana. "Pode ser a negligência de quem acha que, com ele, nada vai acontecer", disse Regi. Ele disse que as investigações vão mostrar por que isso ocorreu, mas não acredita que alguém simplesmente tenha desligado os aparelhos. "Seria bandeira demais", disse o diretor da Protege, que tem 40 filiais no País, com pelo menos uma caixa-forte em cada uma.

A estrutura da caixa-forte do BC cearense, segundo Regi, segue o padrão usado pelas empresas de transporte de valores em geral. "Parede, teto e piso de concreto com malha de ferro. Pode variar a espessura." A do BC tinha 1,10 metro. "Quando se tem tempo, e os ladrões tiveram o fim de semana inteiro, dá para fazer o furo que se quiser."

O sistema de segurança envolve sensores sísmicos (detectam vibrações, como a quebra do piso) e presença, além de monitoramento por câmeras. "É preciso ter um gerador para evitar qualquer interrupção de informações e um acompanhamento de 24 horas por dia, mesmo nos fins de semana."

O consultor Marcelo Ferlini, diretor da Global Risk, empresa de gestão de riscos, disse que o sistema de segurança deve ser monitorado por uma empresa que esteja fora do endereço da caixa-forte. "É uma exigência das instituições financeiras", afirmou Ferlini.

Ele não acha que o problema seja falta de manutenção no BC. "Tinham toda a segurança eletrônica. Mas algo falhou: a estrutura física, os equipamentos ou os procedimentos. Porque o sistema tem de ser acompanhado e, em caso de anormalidade, o encarregado deve agir."

Segundo o consultor, em grandes empresas, que guardam acima de R$ 50 milhões, é usada uma base de concreto com estrutura de ferro na caixa-forte. "São quatro malhas entrelaçadas, sem coincidir a trama de cada camada para ficar bem fechada."

Há ainda sensores sísmico e de presença, sistema de câmeras e iluminação 24 horas. A porta tem 9 centímetros de aço e fechadura triplocronométrica, com programa de horário de abertura. A porta pode ter ainda um tratamento químico, que se incendeia com o calor e faz fumaça.